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Críticas

Te Amo, Cara!

Humor sem apelação brinda amizade masculina

Por Luiz Joaquim | 24.04.2009 (sexta-feira)

Chega a ser cansativa a maneira insistente como Hollywood foca a sexo como elemento de constrangimento para fazer humor em suas comédias de relacionamento. O sexo é sempre a mola propulsora de alguma situação envolvendo homens com homens, homens com mulheres, mulheres com mulheres. É como se a classe média (e rica) norte-americana não tivesse uma vida, ou capacidade de reflexão, fora da orbital sexual. Pensando bem, há o dinheito também. E eis que chega aos cinemas “Eu Te Amo, Cara” (I Love You, Man, EUA, 2009), de John Hamburg (de “Zoolander”).

Antes que os apressados deduzam, pelo título, que é uma comédia sobre homossexual masculina é preciso dizer que o foco aqui não passa pela opção sexual, apesar de, ainda, ser uma questão do relacionamento amoroso o leitmotiv do desenrolar da trama. No caso, um bobo leitomiv. Peter (Paul Rudd) é um agente imobiliário que ao sair de um namoro entrava logo em outro, sem ter muito tempo para criar laços fortes com outros caras. Prestes a casar com Zooey (Rashida Jones), descobre que sua noiva teme que ele se torne um marido grudento exatamente por não ter uma vida social própria.

Em função disso, o dedicado Peter passa a caçar um amigo e depois de várias tentativas (divertidas), encontra casualmente Sydney (Jason Segel) enquanto tenta vender a casa de Lou Ferrigno (o “Íncrível Hulk” da TV nos anos 1970, incrivelmente congelado na juventude). Com seu desprendimento para a vida, Sydney é o oposto da postura de contenção de Peter, mas uma sintonia alicerçada por um fanatismo pela banda Rush, une os dois rapidamente e logo Sydney torna-se o melhor amigo de Rudd e potencial padrinho de seu casamento.

Nada de novo no front dos roteiros esquemáticos de Hollywood, mas o diferencial em “Eu Te Amo, Cara” está na maturidade dos dois protagonistas. Apesar do “bicho grilho”, como o cartaz do filme quer vender, Sydney é bem coerente com sua opção de vida e, ao mesmo tempo em que é um natural conquistador, não se mostra um cafajeste, tipico em filmes assim. Também não há nada de errado com Peter. É apenas um cara legal, trabalhando honestamente e tentando agradar a mulher que ama. À propósito, a escolha do elenco foi certíssima.

Rudd é aquele cara que você já viu, mas não sabe exatamente onde (no caso, em “Virgem de 40 Anos”, entre outros, e nos últimos episódios de “Friends”). Estava sempre como coadjuvante, mas sobressaindo-se com elegância. Já Segel tem boa presença tela, emprestando galhardia para um personagem que poderia soar facilmente como um chato prepotente. “Te Amo, Cara” é um raro filme sobre coisas de homens, não sobre cafajestes.

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