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Críticas

Duplicidade

Sobre confiança e cambalacho

Por Luiz Joaquim | 05.06.2009 (sexta-feira)

“Duplicidade” (Duplicity, 2009), dirigido e roteirizado por Tony Gilroy – de “Michael Clayton”- reúne Julia Roberts e Clive Owen, que vocês já viram juntos, cinco anos mais jovens, em “Closer”, 2004. No novo filme, eles formam um casal de amantes trabalhando para empresas concorrentes e líderes em seu ramo.

O filme funciona em duas camadas no tempo. Na primeira, a atual, vemos ambos como espiões empresariais, brigando por informações secretas sobre um novo produto que a empresa que emprega Claire (Roberts) irá lançar, podendo destruir a que emprega Ray (Owen). Na segunda câmada, acompanhamos o desenrolar da relação amorosa entre o casal, iniciada em 2004 (coincidência?) na Índia. Vemos a evolução desse namoro até o momento atual, com pulos temporais, até entendermos que tudo o que se passa hoje é uma encenação do casal do que foi construído pra ludibriar as duas empresas.

A estrutura da relação entre Ray e Claire é toda alicerçada em torno da duplicidade da personalidade destes dois, e é essa falta de confiança entre eles próprios que se vende aqui como molho sentimental para esta história romântica à conta-gotas, aditivada pela ganância monetária do casal.

Acontece que o roteiro de Gilroy é tão matematicamente entrelaçado para não deixar furos, ao mesmo tempo em que esforça-se para desnortear o espectador, que realmente fadiga. E como se não bastasse, oferece uma reviravolta reducionista em sua conclusão cujo resquício de emoção deixado para seu público é como o da vitória de um frio jogo de xadrez.

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