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Críticas

Intrigas de Estado

A diferença entre apuração e investigação

Por Luiz Joaquim | 12.06.2009 (sexta-feira)

Saber conduzir um filme, dosando com pitadas de informações para criar conhecimento e tensão no espectador não é tarefa fácil, e Kevin Macdonald sabe disso. O cineasta escocês, que assina “Intrigas de Estado” (State of Play, EUA, 2009), deu prova aqui neste thriller de investigação jornalístico envolvendo o congressista norte-americano Stephen (Ben Affleck) e um veterano repórter do fictício jornal Washington Globe, Cal (Russell Crowe).

Amigos da época de faculdade, ambos seguiram caminhos diferentes mas, além da amizade, outra coisa os uniu e os separou. O nome dela é Anne (Robin Wright Penn), casado com o congressista, mas não antes de ter tido um caso com o jornalista. A trama, entretanto, diz respeito a assistente e amante de Stephen, morta misteriosamente no metrô.

Com a mídia apressada insinuando suicídio, Stephen, incrédulo da insinuação, procura o amigo jornalista para ajudá-lo. Ao mesmo tempo, Cal começa a apurar a morte de um ladrão aparentemente assassinado por militares e, a partir de uma pista, faz uma conexão entre a morte da amante de Stephen com a empresa privada de segurança militar que o governista combate no Congresso, por esta lucrar 40 bilhões de dólares por ano com as guerras apoiadas pelos EUA.

Com o mote pronto, o diretor Macdonald vai deixando o espectador inteirado do que realmente significa a morte da amante na mesma medida da percepção do jornalista. Essa cumplicidade fabricada entre público e repórter vai alimentando o espectador aos pouquinhos com a excitação típica que só uma apuração que leva ao furo jornalístico consegue gerar.

Outro trunfo aqui é a boa calibragem dos diálogos criados pelo roteiro de Matthew Michael Carnahan, Tony Gilroy e Billy Ray a partir de uma série originalmente criada para a TV. Macdonald – que ganhou reconhecimento mundial em 2006 com “O Último Rei da Escócia” -, deixa seus atores respirarem dentro do ambiente irônico e bem-humorado que configura a redação de um jornal, fácil de reconhecer por jornalistas em qualquer parte do mundo.

Ao redor de Crowe estão figurinhas fáceis de caricaturar numa redação, e por isso mesmo divertidas, como o editor (aqui na pele de Helen Mirren) e da repórter iniciante (Rachel MacAdams). E, apesar de uma desnecessária reviravolta no final, “Intrigas de Estado” agrada não apenas aos profissionais da comunicação, mas qualquer um que goste de uma bem articulada briga de gato e rato.

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