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Festivais

19o Cine Ceará (2009) – noite 7

Um doc bamba sobre um mestre

Por Luiz Joaquim | 04.08.2009 (terça-feira)

FORTALEZA (CE) – A última noite, na segunda-feira, da mostra competitiva do 19° Cine Ceará: Festival Ibero-americano de Cinema, trouxe ao Ceará o primeiro longa-metragem brasileiro inédito no circuito dos festivais: o documentário “O Perqueno Burguês: Filosofia de Vida”, de Edu Mansur. Com essa informação, boa parte da crítica especializada estava atenta e curiosa pelo que esta seleção da mostra tinha a oferecer. Já o interesse do público era ver o ídolo sambista, ao vivo, no palco do Cine São Luiz.

O público ficou satisfeito porque o Bamba veio, mas para a expectativa da crítica, pode-se dizer que veio a decepção. A organização do documentário de Mansur é pobre, não só em estratégia narrativa como tambem em recursos visuais. É claro que fica difícil para qualquer documentário, principalmente focando um músico brasileiro, se destacar um dia após a projeção do ótimo “O Homem que Engarrafava Nuvens”, de Lírio Ferreira. Mas, independente da grade de programação do Cine Ceará, “O Pequeno Burguês” teria poucas chances de êxito.

Filme inicia com uma tentativa, que se mostra frustrante, de iniciar uma dramatização da infância de Martinho, lá em Duas Barras (RJ) onde nasceu, com uma ator mirim vestido à caráter. A idéia, entretanto, é esquecida para só ressurgir no final do filme já completamente enfraquecida. No “miolo”, temos Edu e equipe seguindo o sambista pelo seu sítio, também em Duas Barras, além do depoimento dos filhos, esposa, alguns poucos amigos e alguns poucos artistas. Tudo entremeado por algumas imagens de arquivo (muitas fotos pessoais) do músico em turne pelo mundo. A isso se resume o filme que tenta traçar um perfil do cantor, mas que soa pobre diante do talento e da história do sambista. Martinho merecia mais.

Na mesma noite foi exibido o longa “À Deriva”, de Heitor Dhalia, e antes os curtas “Superbarroco”, de Renata Pinheiro, e o gaúcho “Nordeste B”, de Mikaela Kruel. Sobre este último, temos um típico olhar de um não-nordestino sobre o Nordeste. Mikaela revelou, na sua apresentação, que as imagens estavam na lixeira de seu computador, derivadas de um outro projeto pelo qual captou as imagens. Depois de fazer uma edição minimamente congruente, e editar uma trilha minimalista, temos olhares sobre (algumas belas) paisagens e pessoas em pequenos municípios no interior do Nordeste que surgem apenas para reforçar uma idéia pre-concebida da gaúcha, e não alargar sua visão.

Hoje, às 20h, acontece o encerramento do festival com sua premiação, além da exibição do longa “Siri-Ará”, de Rosemberg Cariry.

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