A Garota de Mônaco
O sexo como ponto fraco do homem
Por Luiz Joaquim | 11.09.2009 (sexta-feira)
Há alguns dias o Cine Rosa e Silva lançou o ótimo filme francês de Christophe Honoré, “A Bela Junie”, cuja protagonista com o nome no título – uma jovem de beleza hipnotizante e misteriosa – inicia um embate consigo mesmo em função de uma paixão recíproca pelo seu professor de italiano. Hoje, a mesma sala lança no Recife outro filme francês – “A Garota de Mônaco” (La File de Monaco, 2008), de Anne Fontaine – pelo qual também uma bela jovem protagoniza uma história de sedução. Mas a semelhança pára aí pois, ao contrário do filme de Honoré, o de Fontaine quase não sugere sutileza e a personagem Audrey (Louisie Bourgoin) traz propositadamente consigo uma aura vulgar, que resvala para o próprio filme em seu aspecto discursivo.
No enredo, conhecemos primeiro Bertrand (Fabrice Luchini) um famoso advogado que chega a Mônaco para defender um criminoso também famoso por lá. Em função do perigo de vida que significa defender o acusado, Bertrand ganha, a contragosto, um guarda-costa que o acompanhará em sua estada por ali. Apesar do clima festivo de Mônaco, Bertrand na verdade mostra-se entediado e desgostoso com sua performance com as mulheres. É por este quesito que ele vai se aproximar do seu segurança Christhophe (o bom ator Roschdy Zem), cujo porte atlético e secura no tratamento seduz algumas mulheres digamos, fáceis, como se mostra Audrey.
Ela é a garota do tempo de um programa de TV cuja ambição é ficar famosa e rica o mais rápido possível. Sua arma é seu sexo, que ela usa despudoradamente, mesmo que seja apenas para alegrar um amigo gordo e bêbado, presenteando-o com seu próprio corpo pelo aniversário dele.
Audrey enxerga o fascínio de Bertrand por ela ao mesmo tempo em que percebe nele uma forma de ascensão profissional. Ela lhe devolve a alegria de viver pelo sexo fácil e quente, que o torna um menino bobo diante de um doce gostoso. É talvez esse o único ponto interessante do filme – a fragilidade humana diante do apelo sexual -, mas desenvolvido aqui de forma tão descuidada que a idéia aparece fraca, desnutrida. Uma possível explicação está, prioritariamente nos personagens – em particular no de Bertrand, que não convence como homem culto e sóbrio.
O desempenho de Bourgoin, como o de Roschdy, é bom, mas a ruim transição entre o humor e o drama que o filme almeja deixa o espectador perdido, de forma que não se pode levar a sério nenhum aparente discurso por trás da trama. Mesmo o velado tom homossexual que surge da amizade entre Bertrand e seu guarda-costas, confunde mais do que explica. A idéia de lealdade masculina também não está clara, apenas confundida nesse pobre jogo sexual de “A Garota de Mônaco”. É, de qualquer forma, prazeroso ao espectador masculino contemplar o tempo todo o sorriso da bela atriz Louise Bourgoin, mas isso não vale o preço de um ingresso.
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