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Reportagens

MinC divulga vencedores do BO (2009)

Pernambuco ganha edital de Baixo Orçamento do MinC

Por Luiz Joaquim | 30.09.2009 (quarta-feira)

O projeto pernambucano de longa-metragem “O Som ao Redor”, da Cinemascópio Produções, de Kleber Mendonça Filho e Emilie Lesclaux, venceu, na noite de segunda-feira, o Edital de Longa-metragem de Baixo Orçamento (BO) lançado pela Secretaria do Audiovisual do Ministério da Cultura (SAv/MinC). Junto a outros quatro projetos (do Rio de Janeiro, São Paulo, Ceará e Paraná), cada filme receberá, individualmente, o valor de R$ 1 milhão para sua produção.

Na mesma segunda-feira, o casal viajou a Brasília para fazer a defesa oral de “O Som ao Redor” diante de um júri com nove membros – cineastas, produtores e diretores -, que analisou naquele dia 15 projetos pré-selecionados dentre 121 aprovados na primeira fase. Além do pernambucano, foram contemplados “Cine Holiúdy”, de Halder Catunda Gomes, do Ceará, não estreante; “Circular”, de Alysson Silva Muritiba, do Paraná, estreante; “Corda Bamba”, de Eduardo Goldenstein, Rio de Janeiro, estreante; e “Teste” de Rubens Arnaldo Rewald, de São Paulo, não estreante.

Além da originalidade do roteiro, da estética e da viabilidade da realização da obra, um dos critérios utilizados pelo júri foi a descentralização regional e por isso, escolheu projetos de regiões diferentes, definindo apenas uma escolha para o Rio, uma para São Paulo, duas para o Nordeste e uma para o Sul. A aposta em novos talentos também foi considerada, e três estreantes (incluindo Kleber e Emilie, não levando em conta o primeiro longa-metragem “Crítico”, da CinemaScopio). Ainda foram escolhidos outros cinco projetos reservas, entre eles o pernambucano “A História da Eternidade”, de Camilo Cavalcante.

VIOLÊNCIA
Em “O Som ao Redor”, Kleber e Emilie irão usar uma rua específica do bairro de Setúbal, no Recife, e seus habitantes para refletir um ambiente social cuja violência velada convive naturalmente incrustada na cultura pernambucana. Kleber já declarara que seu interesse nesse projeto é “pensar sobre a repetição urbana de uma mentalidade rural como marca muito forte de nosso Estado”. Por se passar em Setúbal, o filme poderá marcar semelhanças com o curta “Eletrodoméstica”, realizado pelo próprio cineasta em 2005, mas o tom será diferente.

Em março passado, “O Som ao Redor” ganhou R$ 410 mil do 2º Edital do Programa de Fomento à Produção Audiovisual de Pernambuco. Com o atual prêmio do BO, o projeto já tem recursos suficientes para garantir suas filmagens. “O projeto está tão amadurecido que poderia começar a rodar já nesse final de semana”, diz contente o realizador. Já Emilie explica que a primeira ação do cronograma de produção será estudar locação e elenco. “Encontrar os apartamentos e as casas é um desafio, pois queremos lugares que existem de verdade, pois foram escritos por Kleber porque eles são reais”, explica a produtora. Emilie adianta que deve usar atores daqui, profissionais ou não. “Encontrá-los também deve levar tempo e energia, pois são muitos personagens”, concluiu.

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