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Relativização

Câmera Clara 171

Por Luiz Joaquim | 14.09.2009 (segunda-feira)

Voltando das férias e já lançando uma pergunta: o que vale mais na apreciação crítica de um filme? A referência fílmica do profissional ou sua sensibilidade humana para qualquer assunto que diga respeito à vida? É uma questão cretina em sua essência, na medida em que não há sentido para colocar em foco tal relativização. Se o profissional é muito forte em um campo e fraco em outro (ou vice-versa), o resultado de sua análise será manco. Há anos, nesta mesma coluna, escrevemos sobre o peso da pessoalidade através do ato de chorar num filme. Essa reação costuma dizer menos a respeito do filme e mais ao seu estado de espírito naquele momento, casado, claro, com seu histórico de vida e valores. Também já falamos aqui que a eleição, por você, leitor, do melhor crítico cultural deve ser algo também pessoal. O mais sensato a fazer é conhecer o maior número possível dos textos disponíveis pelo mundo sobre determinado objeto e dai tentar enxergar aquele que lhe vai atingir mais profundamente, sem deixar, claro, de levar em conta e respeito à polêmica. A fórmula é: não há fórmula. Apesar de, evidentemente, estar claro que algumas posturas mínimas serem necessárias para se identificar um trabalho analítico minimamente sério. Só para deixar claro: a fagulha que nos inspirou tocar nesse assunto surgiu no filme “Amantes”, de James Gray (recém-exibido no Recife). Filme elevado às alturas pela maioria da crítica, mas relativizado por este colunista com um belo filme adolescente de 1982 chamado “O Último Americano Virgem”, que apesar do título é um filme extremamente triste.

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Estupidez
Semana que vem é a “Semana do Clima”. Será marcada pelo lançamento do filme “The Age of Stupid” (“A Era da Estupidez”, Ing.), de Franny Armstrong tem estréia mundial na próxima terça-feira, 22. O filme é um drama elaborado no formato de documentário que retrata um futuro próximo e sombrio. É narrado pelo ator Pete Postlethwaite (“Em Nome do Pai”), que interpreta um arquivista, no ano de 2055. O personagem é o principal fio condutor da trama que retrata as condições de vida na Terra sombria em um futuro no qual os avisos sobre as mudanças climáticas foram ignorados. No Brasil filme exibe BH, Curitiba, Fortaleza, Juiz de Fora, Porto Alegre, Rio de Janeiro, Salvador, Santos, SP. Recife está de fora.

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Silêncio
O mestre Scorsese está na fase de pré-produção de “Silence”. Ambientado no século 17, apresenta dois padres jesuítas que encaram a violência ao viajar para o Japão em busca de seu mentor e para disseminar o cristianismo. Muito bom saber que Martin retorna a um tema que lhe é tão caro, a religião. Lembrem de “A Última Tentação de Cristo” (1988) e dos protestos que provocou entre os cristãos. Aguardem mais polêmica. Enquanto isso, as meninas já suspiram com o elenco de jesuítas escolhido pelo diretor novaiorquino: Daniel Day-Lewis, Benício Del Toro e Gael Garcia Bernal.

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Semana dos Realizadores
Está para começar a maior e mais importante mostra de cinema da América Latina. Chama-se Festival do Rio e vai de 24 próximo até 9 de outubro. Nesta edição, mas não oficialmente vinculado ao evento (na verdade uma semana antes), vai nascer a “1á Semana dos Realizadores”. É uma mostra inspirado na “Quinzena dos Realizadores”, criado em 1969 na França por cineastas que acontece no Festival de Cannes. A intenção é ampliar ainda mais a discussão em torno de filmes importantes que merecem destaque. Os criadores da “Semana” são os cineastas Eduardo Valente, Felipe Bragança, Gustavo Spolidoro, Helvécio Marins Jr, Marina Meliande e o pernambucano Kleber Mendonça Filho.

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