X

0 Comentários

Festivais

33a Mostra de SP (2009) – 28out

Intérprete da alma feminina

Por Luiz Joaquim | 29.10.2009 (quinta-feira)

SÃO PAULO (SP) – É exultante, no mínimo, reencontrar a neozeolandesa Jane Campion de volta à boa forma em “Brilho de Uma Paixão” (Ing./Aus., 2009), horrível título no Brasil para seu mais recente filme “Brigth Star” que concorreu no último Cannes e foi exibido aqui na Mostra de SP ontem (28.out).

Campion, provavelmente uma das três melhores cineastas em atividade a desenhar a alma feminina no cinema, ela não apenas volta a acertar em sua nova ‘mulher’ na tela, como retoma um assunto que lhe é caro: a poesia. Foi por essa arte, em 1990 com o filme “Um Anjo em Minha Mesa”, que Campion ganhou projeção internacional. Descrevia ali a trajetória dura de uma poeta conterrânea sua, Janet Frame (Kerry Fox).

Kerry Fox também aparece em “Bright Star”, mas agora apenas como mãe da protagonista Fanny (Abbie Cornish, perfeita), uma entusiasta da moda no Reino Unido de 1818 que, ao aprender poesia com o bardo, frágil de saúde, John Keats (1795-1891), apaixona-se (e o encanta) gerando um romance tão violentamente forte quanto trágico. Na tela, Campion abusa de seu talento para compor visual e textualmente essa força descontrolada entre o casal. Com referências a Vermeer, Rembrandt e até Edward Hopper, é um filme que lhe deixa mole, oferecendo delicadeza e beleza plástica que podem lher marcar por uma vida inteira.

A Mostra de SP parece ter ganho vitalidade a partir da quarta-feira, quando títulos realmente fortes eram mais facilmente encontrados na programação. Fosse pelo status de trazer atores reconhecidos – como os espanhóis Eduardo Noriega e Sergi López em “O Pequeno Indi” (Petiti Indi), de Marc Recha, sobre um adolescente sensível que divide seu mundo particular de criar passarinhos e tentar tirar a mãe da prisão -; ou fosse por revelar o talento de desconhecidos como o argentino Mariano de Rosa, no ótimo “Águas Verdes”. Filme de tensão impecável, com ecos em Hitchcock, mas de tom muito mais humano sobre um pai de família de 42 anos que percebe-se ficar para trás.

Mais Recentes

Publicidade

Publicidade