42o. Festival de Brasília (2009) – seleção
Um terço de Brasília será pernambucano
Por Luiz Joaquim | 21.10.2009 (quarta-feira)
Audiovisual pernambucano está (mais uma vez) em festa. Anunciada ontem pela manhã a seleção da mostra competitiva da 42ª edição do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, o Estado mostra-se presente com quatro curtas-metragens em 35mm numa lista de apenas 12 títulos. Para Pernambuco, é uma presença inédita (em quantidade), antes restrita a trabalhos vindos do Rio de Janeiro e São Paulo. É também mais uma prova inequívoca que o cinema feito por aqui não pode mais ser ignorado.
Quem reforça esse talento este ano no mais importante festival de cinema brasileiro do País, são Camilo Cavalcanti, com “Ave Maria ou Mãe dos Sertanejos”; Eric Laurence, com “Azul”; Sérgio Oliveira e Petrônio Loreno, com “Faço de Mim o Que Quero”; Kleber Mendonça Filho, com “Recife Frio”.
Camilo, que foi avisado pela reportagem do CinemaEscrito sobre sua seleção, explica que integrar a competição neste festival é importante porque ali domina uma perfil não-conformista. “Brasília tem uma preocupação em buscar filmes com conteúdo inovador. É também um dos festival mais políticos, e este meu trabalho é fruto de uma oficina em Serrita (a 539 quilômetros do Recife), com a população local. É, portanto, um representante autêntico da alma do sertanejo”, adianta Camilo que já foi premiado no mesmo festival em “A História da Eternidade” (2003), “Rapsódia para Um Homem Comum” (2005) e “O Presidente dos Estados Unidos” (2007).
Eric Laurece representou bem a alegria da comunidade cinematográfica local. “Não tinha lugar melhor para estrear. É um festival com uma longa história que não dá pra esconder o quanto é importante fazer parte dele”. Kleber Mendonça, que já foi premiado lá em 2005 com “Eletrodoméstica”, complementa dizendo que “é muito bom ver um trabalho de um ano e nove meses fechar seu processo num lugar que é uma enorme vitrine para o cinema brasileiro”. Seu “Recife Frio” é um ‘documentira’ pelo qual mostra as consequências sofridas pelo Recife e por seus habitantes quando deixa de ser uma cidade tropical, vivendo sob uma constante baixa de temperatura.
Sérgio Oliveira, também surpreendido com a notícia pela nossa reportagem, está hoje no Rio de Janeiro exatamente trabalhando na finalização de “Faço de Mim o Que Quero” e “Epox” (um outro trabalho). Ele ressalta que “Faço de Mim…” era uma idéia de Renata Pinheiro que ele levou adiante junto a Petrônio para falar, quase como um musical, da liberdade através da música brega recifense. “É uma expressão rica e livre de se comunicar muito própria do Recife”, adianta Sérgio. Em Brasília, o cineasta já esteve com “Porcos Corpos” (2003) e “Nação Mulambo” (2007).
No score das seleções, depois de Pernambuco o Distrito Federal aparece com três filmes (“A Noite por Testemunha”, Bruno Torres; “Dias de Greve”, de Adirley Queirós; “Verdadeiro ou Falso”, de Jimi Figueiredo”); Rio de Janeiro com dois (“Água Viva”, de Raul Maciel; “Homem-Bomba”, de Tarcísio Lara Puiati); São Paulo com um (“Bailão”, de Marcelo Caetano); Rio Grande do Sul (“Amigos Bizarros do Ricardinho”, de Augusto Canani); e Bahia com um (“Carreto”, de Marília Hughes e Cláudio Marques). O casal deste último está no Recife exibindo “Nego Fugido”, no Janela Internacional de Cinema do Recife. Veja a lista completa dos selecionados abaixo
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Longas-metragens
1. A Falta Que Me Faz, de Marília Rocha, 80min, MG
2. É Proibido Fumar, de Anna Muylaert, 86min, SP
3. Filhos de João, Admirável Mundo Novo Baiano, de Henrique Dantas, 75min, BA
4. O Homem Mau Dorme Bem, de Geraldo Moraes, 90min, DF
5. Perdão Mister Fiel, de Jorge Oliveira, 95min, DF
6. Quebradeiras, de Evaldo Mocarzel, 71min, SP
Curtas 35mm
1. A Noite por Testemunha, de Bruno Torres, 24min50, DF
2. Água Viva, de Raul Maciel,14min, RJ
3. Amigos Bizzaros do Ricardinho, de Augusto Canani, 20min, RS
4. Ave Maria ou Mãe dos Sertanejos, de Camilo Cavalcante, 12min, PE
5. Azul, de Eric Laurence, 19min, PE
6. Bailão, de Marcelo Caetano, 16min, SP
7. Carreto, de Marilia Hughes e Claudio Marques, 12min, BA
8. Dias de Greve, de Adirley Queirós, 24min, DF
9. Faço de mim o que quero, de Sergio Oliveira e Petronio Lorena, 20min, PE
10. Homem-Bomba, de Tarcísio Lara Puiati, 13min, RJ
11. Recife Frio, de Kleber Mendonça Filho, 23min, PE
12. Verdadeiro ou Falso, de Jimi Figueiredo, 14min, DF
Mostra Competitiva Digital
1. A Última Quinta, de Fernando Arze, 14min40, RJ
2. Apreço, de Gabriel Trajano, 18min, BA
3. Cerol, de Bruno Mello Castanho, 17min30, SP
4. De muro a muro, de Marina Watanabe e Rebeca Damian, 20min, DF
5. Dois Mundos, de Thereza Jessouroun, 19min, RJ
6. Dois Pra Lá, Dois Pra Cá, de Marcela Bertoletti, 19min , RJ
7. Ensaio de Cinema, de Allan Ribeiro, 16min, RJ
8. Inexorável, de Juliano Coacci Silva, 3min, DF
9. Lembrança, de Mauricio Osaki, 17min, SP
10. Mas na verdade uma história só, de Francisco Craesmeyer, 12min, DF
11. O canalha, de Latege Romro Filho e Rodrigo Luiz Martins, 13min, DF
12. Obra Prima, de Andréa Midori Simão e Thiago Faelli, 20min, SP
13. Os Pais, de Lello Kosby, 20min, DF
14. Quase de Verdade, de Jimi Figueiredo, 13min, DF
15. Roteiro para minha morte, de Pablo Gonçalo, 15min, DF
16. Sala de Montagem, de Umberto Martins, 3min, SP
17. Santa Bárbara do Oeste, de Tato Carvalho, 7min, SP
18. Vladimir Palmeira – A História Sem Mitos, de Roberto Reis Stefanelli, 20min, DF
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