As várias faces do documentário
Três dos quatro trabalhos são pernambucanos
Por Luiz Joaquim | 26.10.2009 (segunda-feira)
Mal termina o Janela Internacional de Cinema do Recife que, entre outras ações, jogou uma luz sobre o cinema pernam3bucano, e a Massangana Multimídia Produções, da Fundação Joaquim Nabuco, exibe a partir das 19h de hoje (26-10) – com entrada franca no Cinema da Fundação (Derby) – o resultado dos roteiros premiados nas edição 3, 4 e 5 do Concurso de Roteiros de Documentários Rucker Vieira, em parceira com a TV Brasil.
Três curtas pernambucanos e um média-metragem paraense formam o programa. Não há conexão temática entre eles. A ligação está apenas na proposta de uma estética longe da rigidez habitual de documentários “quadrados”.
A sinopse de “Vigias” (26 min.), de Marcelo Lordello, por exemplo, e tão sutil a respeito do objeto quanto são suas imagens. Ela, á sinopse, diz “Enquanto dormimos, eles vigiam”. O objeto são os vigilantes de condomínios e, a princípio, o filme observa o cotidiano deste profissionais. Mas Marcello tenta desdobrar o discurso para os efeitos de construções residenciais no meio urbano. Para o cineasta é como se os vigias fossem um ponto humano de convergência para o qual vão os anseios de segurança dos moradores de prédios.
O próprio Marcelo passou toda a vida em prédios e a fagulha que o estimulou a fazer “Vigias” veio ainda na adolescência. “Tinha insônia e comecei a descer no meio da noite para ficar conversando com o vigia do prédio. Nisso, percebi que eles estão sempre muito dispostos para conversar porque seu ofício é o da contemplação, e eles desenvolvem um ponto de vista muito crítico sobre o mundo”, explica o diretor, que planeja fazer uma outra versão mais extendida de “Vigias”
Já Marcos Enrique Lopes, volta-se novamente, para o passado para repensar o presente. Ausente do cenário audiovisual como realizador desde “A Composição do Vazio” (2001), quando repassou a obra do filósofo Evaldo Coutinho (1911-2007). Marquinhos, como é conhecido no meio, agora vai ao período pré-Ciclo do Recife – que gerou 13 filmes de ficção entre 1923-1931.
Em “Janela Molhada” (22 min.), o diretor conta a história dos italianos Ugo Falangola e J. Cambieri, pioneiros do cinema no Estado e fundadores da Pernambuco Filmes, nossa primeira produtora de cinema. O filme traz imagens de arquivos recuperadas pela produção. “Um processo difícil”, explica o diretor, “em função da química dos filmes antigos, em nitrato, que eram pouco resistente” – daí o título do documentário.
“Janela Molhada” conta também com depoimento de especialistas no assunto como a pesquisadora Luciana Araújo e Carlos Roberto de Souza, além de Dona Didi, hoje aos 92 anos, parente de Hugo Falangola.
Já Gabriel Mascaro aponta sua câmera para um artista plástico vivo e sua obra em “As Aventuras de Paulo Bruscky” (18 min.). O trabalho surgiu de uma encomenda do artista por um documentário na plataforma vitual “Second Life”, com o objetivo de registrar as primeiras experiências pessoais do artista.
O único trabalho fora de Pernambuco (o Rucker Vieira é um concurso submetido a todo o País) chama-se “Verde Terra Prometida: Laços Amazônia & Nordeste” (32 min.), pelo qual Cláudia Kahwage mostra famílias de nordestinos contando suas histórias de migração e estabelecimento na Amazônia, e a procura por parentes através de videocartas.
Serviço
Lançamento de vídeos premiados no Rucker Vieira
Hoje (26-out), às 19 horas
Cinema da Fundação
Rua Henrique Dias, 609 û Derby
Entrada franca
Informações: (81) 3073.6729
0 Comentários