Palavra prostituta
Câmera clara 174
Por Luiz Joaquim | 05.10.2009 (segunda-feira)
Em 1982, o grande (em todos os sentidos) Carlos Reichenbach dirigiu o filme “Amor, Palavra Prostituta”, sobre um professor desempregado que vive às custas da esposa e cuja única cópia sem cortes disponível encontra-se, infelizmente, apenas na França. Na verdade, falamos do filme de Carlão apenas em função do seu título, para destacar como a palavra “filme”, hoje em dia, está banalizada. Se “amor” é dito a torta e à direita por todos para representar qualquer sentimento barato, “filme” virou o símbolo para qualquer conjunto de imagens em movimento minimamente editado, por mais mal-amanhado que seja esse trabalho. Hoje qualquer pessoa fala impune e infladamente: “Fiz um filme”. E nós temos de aceitar a afirmação, nos obrigando a colocar assim alguns monstrengos tortos e capazes de provocar pesadelo ao lado de objetos sagrados como “2001: Uma Odisséia no Espaço”, “A Noviça Rebelde”, “Os Incompreendidos”, “La Jetée”, “Os Sete Samurais” e um sem-número de obras que emprestam dignidade a palavra “filme” como a conhecíamos. Hoje, com filmadoras com preços possíveis a quase todos (a acessibilidade é positiva e o problema não está na tecnologia, mas sim em quem a manuseia), milhares de “frankensteins” audiovisuais são produzidos diariamente. Ainda assim, o pior mesmo é escutar o pai desses monstros exigindo para si o título de novo gênio do cinema, pela sua “originalidade” e “inventividade” da sua nova linguagem e estética cinematográfica. Uma inventividade que, por sua ignorância, ele desconhece já existir há, no mínimo, 90 anos. São os vanguardistas do século 21 com idéias da década de 1920. Uma lástima.
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4º Cinefantasy
O diretor Marc Price, do filme “Colin” – um fenômeno mundial do cinema de terror, virá ao Brasil para participar do 4º Cinefantasy: Festival Curta Fantástico 2009. Ele participa de um debate sobre o filme que custou US$ 74,00. “Colin” fala de um homem que foi mordido por um Zumbi, morre e volta como um morto-vivo enquanto sua irmã, saudável, tenta traze-lo à normalidade. O filme foi feito com uma câmera portátil e demorou 18 meses para ficar pronto. A obra teve vitrines grandes como o Festival de Cannes. O 4º Cinefantasy acontece de 6 a 15 de novembro.
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11º Festival de vídeo de PE
Neste ano o 11º Festival de Vídeo de Pernambuco traz uma nova categoria competitiva além das tradicionais de ficção, documentário, videoclipe, video-experimental e animação. Trata-se da competitiva universitária, dirigida a alunos e ex-alunos que desejem inscrever os vídeos de conclusão de curso. A nova categoria premiará o melhor documentário, a melhor ficção e a melhor animação vindas da produção acadêmica. Outras novidade são as oficinas e debates que devem acompanhar o evento que acontece entre 30 de novembro e 5 de dezembro, com possível abertura e encerramento no Cine São Luiz.
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Amazônia
Lá em Porto Velho, Rondônia, o Fest Cine Amazônia (Festival de Cinema e Vídeo Ambiental da Amazônia) muda de data. Antes programado para iniciar em 9 de novembro, vai acontecer agora entre 7 e 12 de dezembro. A alteração se deu por conta de uma acomodação com a agenda dos convidados deste ano, entre eles Vincent Carelli (foto), do documentário “Corumabiara”, premiado no Festival de Gramado. Outros filmes convidados são: “Crianças da Amazônia”, de Denise Zmekhol, e “Espírito de Porco”, dos jornalistas Chico Faganello e Dauro Veras.
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