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Críticas

Aquele Querido Mês de Agosto

Cinema português se olha no espelho

Por Luiz Joaquim | 06.11.2009 (sexta-feira)

O Cinema da Fundação coloca em cartaz “Aquele Querido Mês de Agosto” (Port., 2008), de Miguel Gomes. Obra que participou Quinzena dos Realizadores no festival de Cannes 2008 e venceu o prêmio da crítica na Mostra de SP daquele mesmo ano.

É uma produção inegavelmente interessante (mas não pioneira em seu dispositivo) que ora é objeto do próprio filme, quando registra parte da própria equipe como se “interpretasse” uma equipe de cinema tentando fazer um filme; ora registra em tom documental as peculiaridades das pessoas e de celebrações em agosto em pequenos municípios de Portugal; e ora – mais na segunda metade de seus 150 minutos – envereda para uma história ficcional.

É nesse segundo momento que “Aquele Querido Mês…” envolve melhor seu espectador. Mesmo a partir de um argumento e condução ficcional ingênuo, a construção de uma tensão aqui é real. Ela existe a partir do romance proibido de um primo com sua prima, e o pai dela entre eles, suscitando uma relação estranha com a filha, em função do sumiço da mãe dela.

Mas, mesmo para os mais empertigados e determinados pelo bom cinema, é difícil se sustentar inteiro até atingir a segunda parte, considerando que a primeira metade é um registro quase intocado pela edição de apresentações de alguns “agrupamentos” musicais que fazem shows tocando o gênero “pimba” (o nosso brega romântico?) percorrendo municípios no norte do país.

O entrelaçamento das três instâncias mencionadas acima faz de “Aquele Querido Mês…” um trabalho vigoroso e inventivo. Mas também cansativo e exasperante pela duvidosa qualidade das músicas que expõe com tanta força.

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