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Reportagens

Lula, O Filho do Brasil (pré no Recife)

Lula, um herói de cinema

Por Luiz Joaquim | 20.11.2009 (sexta-feira)

Ninguém duvidava o quanto seria disputada a sessão especial de “Lula, O Filho do Brasil”, que lotou o Centro de Convenções, na noite de quinta-feira quando o Teatro Guararapes foi transformado em sala de cinema com o único fim de projetar este novo longa-metragem de Fábio Barreto.

Baseado em livro homônimo (lançado pela Editora Perseu Abrano, 2003) de Denise Paraná (co-roteirista aqui junto a Daniel Tendler e Fernando Bonassi), a obra conta a trajetória sofrida da vida de Luiz Inácio Lula da Silva desde seu nascimento no município pernambucano de Caetés até sua iniciação política em meio às greves operárias que liderou no ABC Paulista.

A julgar pela recepção interessada do público presente na sessão (com aplausos em cena aberta quando o menino Lula defende a mãe, Glória Pires, do pai bêbado, Milhen Cortaz), o filme de Barreto pode vir a transformar-se num fenômeno de bilheteira quando for lançado comercialmente nos multiplex em 1° de janeiro de 2010.

Isso por dois motivos. 1) É inegável o interesse de qualquer brasileiro em ver um filme que retrata a heróica história (atenção para o adjetivo) de seu atual presidente. E isso inclui aqueles que não têm o hábito de ir ao cinema – ou seja, uma parcela correspondente a 77% da população.

Ainda que o produtor Luís Carlos Barreto na apresentação, antes da projeção, tenha dito que “está não é apenas a história de Lula, mas a de milhões de brasileiros que teimam e conseguem”, não há como não parar de pensar na figura pública e respeitada mundialmente que se tornou o atual líder da nação. A realidade sempre empresta nobreza a ficção. É assim e sempre será.

2) “Lula, O Filho do Brasil” tem problemas do ponto de vista cinematográficos, mas suas solução fáceis podem agradar, e muito, ao espectador mediado que não deseja tanta reflexão, mas apenas encontrar um herói na sala escura do cinema. E se esse herói for o seu presidente da republico, mas curioso e interessante ainda.

São sequências de heroísmo em doses dramáticas por sacrifício de vida – a ida a São Paulo num Pau de Arara, um pai violento, a perda da primeira esposa grávida, a amputação do dedo e por aí vai. E, apesar de algumas mise-en-scene frágeis, como a da professora (Lucélia Santos) que quer adotar o menino Lula , ou do pai (Milhan Cortaz) que bate no filho querendo-o trabalhando ao invés de estudando, Fábio Barreto amarra tudo em ritmo bem dosado.

Seu novo filme não é frouxo de tensão. Não permite que o espectador distraia a atenção de seus 128 minutos, parte pela diversidade de situações, parte pelo carisma de Rui Ricardo Diaz, como Lula adulto, destacando-se de todo o resto do elenco, incluindo aí Glória Pires, estrela do filme como Dona Lindu, a estrela maior na vida real do presidente

Ricardo entrou no elenco de última hora e, para a felicidade de Barreto, agarrou seu personagem com todas as forças. Em algumas tomadas, particularmente quando discursa para os operários no sindicato dos metalúrgicos, incorporou os trejeitos do real Lula e captura absolutamente o olho do espectador.

Ponto para Barreto que aqui, como mesmo assumiu, diz ser este seu filme mais maduro. Isso não significa um excelente filme, mas redondo o suficiente para atrair alguma multidão ao multiplex. Com um pouco mais de esforço, é possível até vislumbrar uma indicação do filme pelo Ministério da Cultura como representante brasileiro a concorrer ao Oscar de estrangeiro em 2011. Duvidam?

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