Se Nada Mais der Certo
Em busca do conforto perdido
Por Luiz Joaquim | 20.11.2009 (sexta-feira)
Há uma pretensão urbano-filosófica em toda produção que vem do cineastas brasiliense José Eduardo Belmonte. É também assim em seu mais recente filme “Se Nada Mais der Certo” (2009), que entra em cartaz no Cine Rosa e Silva (Recife). Nele, Belmonte conta com um bom elenco afinado num objetivo não tão bem definido. O enredo segue como a sugestão de uma classe média de vida sem objetivos concretos, exceto pela necessídade imediata de conseguir dinheiro para manter-se de pé.
Sobram para esse enredo alguns excessos dramáticos. Excessos que não têm nada a ver com o bom empenho de Milhem Cortaz, Cauã Reymond, João Miguel e Caroline Abras. Os atores, na ordem, vivem o travesti Sybelle, um jornalista desencantado com a profissão, um taxista no limite da pobreza, e uma pequena traficante de sexualidade dúbia. Com eles, Belmonte parece se interessar em tentar retratar um vazio que sobrevive na classe média. Vazio que não é de hoje. Os três últimos personagens, de algum modo e por motivos particulares e distintos, passam o tempo todo em uma descrença pelo universo social e político em que vivem. Movidos por essa descrença absoluta em qualquer ação social, unem-se para um fim único. Se vingar do “sistema”, roubando. A iniciativa soa aqui como um discurso velho e frágil.
São as situações criadas por Belmonte (escrito em conjunto com Breno Alex e Luís Carlos Pacca), que colocam os três mosqueteiros da urbe falida numa aventura tosca e pobremente existencial. Outrao incômodo (no mau sentido) está na agilidade da fotografia e montagem de “Se Nada Mais Der Certo”. Ao invés de uma coerência com a urgência na vida dos protagonistas, as duas práticas técnicas parecem querer emprestar modernidade para o que não prescinde disso. No final, quando nada mais dá certo, a solução parece mesmo ser fugir à praia e tomar cerveja com dinheiro roubado.
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