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Críticas

(500) Dias com Ela

Romance pop e fofinho, mas em poucas sessões

Por Luiz Joaquim | 28.12.2009 (segunda-feira)

Já é conhecido do público cinéfilo do Recife, e eles são muitos, que alguns filmes preciosos para eles entram em cartaz no modo ‘relâmpago’. Passam rapidinho na Sessão de Arte do Grupo Severiano Ribeiro e se o cinéfilo não for ágil, perde o bonde. Isso depois de esperar meses para ver seu objeto de desejo na tela – ou, em alguns casos, nem vê-lo, como por exemplo “Coco Antes de Chanel”, distribuido pela Warner Bros e em cartaz no Sudeste há dois meses.

Pena para o espectador comum que, desarmado das informações do cinéfilo, não se dá conta que na sala ao lado da que ele se encontra, vendo “Avatar”, está em exibição um filme bem mais bacana que pode até ajudar a moldar seu caráter. Não que “500 Dias com Ela” ((500) Days of Summer, EUA, 2009), de Marc Webb, vá mudar a vida de alguém, mas a estrutura divertida para historinha de amor de um rapaz (Joseph Gordon-Levitt) apaixonado por Summer (Zooey Deschanel), sua colega de trabalho que não acredita no amor, rende bons momentos ao seu público.

Na verdade o filme tornou-se o alternativo queridinho do ano e até concorre ao Globo de Ouro de melhor filme na categoria comédia/musical e ator (Gordon-Levitt). E por que tem chamado tanta atenção? Vendo o filme, tem-se a certeza que é por uma combinação de talentos. A começar pelo formato de seu enredo, que já se apresenta como uma desconstrução das histórias de amor. Com seus limitados 500 dias para contar essa história, ele já anuncia assim o começo, meio e fim do romance do casal protagonista. O que interessa, então, é apenas entender como tudo se desenrola nesse período. Não há “felizes para sempre” aqui, apesar do fatídico final feliz.

O humor malvado com quem é malvado com amor já aparece logo na abertura – não traduzida na versão brasileira. Lá, Webb escreve, sob tela preta: “O que será apresentado é um trabalho de ficção. Qualquer semelhança com pessoas vivas ou mortas é pura coincidência. Especialmente você, Jenny Beckman. Sua vaca”.

Com um contador de dias aparecendo, que avança e retrocede várias vezes no decorrer do filme, o espectador fará um pequeno esforço para entender em que nível de arrebatamento está o ultra-romântico de Gordon-Levitt e em que nivel de desdém está a cética Summer. A qualidade do roteiro fica evidente quando, a certa altura, não precisamos mais do contador para entender em que momento do romance proposto pelo filme nós nos encontramos.

Com uma trilha sonora pop – um dos fatores de aproximação entre o casal é a música “There Is A Light That Never Goes Out”, do The Smiths e a imagem de George Harrison fazendo sombra -, “(500) Dias com Ela” é levado por dois ótimos atores que, por terem rostos poucos conhecidos, ajudam ainda mais a imegir o espectardo em seus dramas. Gordon-Levitt é, na verdade, uma promessa antiga. Alguns devem lembrar dele ainda menino na série de TV “3rd Rock from the Sun”, mas seu cartão de apresentação para o mundo adulto do cinema foi em “Mistérios da Carne” (2004), em que vivia um lúgubre homossexual prostituto. Tornou mais conhecido, porém, depois de aparecer em “Milagre de St. Anna”, de Spike Lee (que também passou no Recife no formato ‘relâmpago’).

No caso de Deschanel, “(500) dias…” tornou-se seu cartão de apresentação. Mas ela já dava sinais de seu talento quando lá em “Prova de Amor’ (2003), e divertiu em “O Guia do Mochileiro das Galáxias” (2005). A programação do Severiano Ribeiro avisa que cinéfilos e não-cinéfilos ganham mais uma semana (até 7 de janeiro) para descobrir “(500) Dias com Ela”. Veja no link acima “roteiros”.

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