Mercado e cinema
Câmera clara 185
Por Luiz Joaquim | 21.12.2009 (segunda-feira)
É sempre assim quando estreia um produto meticulosamente calculado pela matemática do mercado e/ou da tecnologia, como aconteceu com “Avatar” na sexta-feira. A mídia tende a chamar para o lide – no jargão jornalístico, lide é o primeiro parágrafo da matéria, que já informa os principais pontos da notícia – dados sobre o investimento na produção, sobre a bilheteria e sobre as inovações técnicas. Mas… onde está o filme? É claro que dinheiro e informática são assuntos que interessam mas, muito provavelmente, isso interessa mais àquele espectador que seja um empresário do cinema ou a um tecnicista, e menos ao espectador tradicional. Aquele, que vai ao cinema à procura de uma boa comunhão entre cultura e entretenimento. Desde o final dos anos 1980, tem crescido pornograficamente o trabalho marqueteiro da indústria cinematogáfica. De modo que “o melhor filme de todos os tempos” é o “melhor filme de todos os tempos” antes mesmo de passar pelos olhos dos espectadores. Antes mesmo de seu lançamento. A partir dos anos 2000, a dinâmica dos lançamentos de filmes seguindo a linha de difusão – cinema, mercado negro, home-video, TVs à cabo, TV aberta – também tem encolhido. Fazendo com que um sucesso no Festival de Cannes, marco zero do ano para o cinema mundial, chegue à sua mão em forma de Blu-Ray, por exemplo em quatro meses. Sendo assim, a indústria faz das tripas corações para que, nesse período, o filme renda o máximo possível nos cinemas, que ainda é sua principal plataforma de lançamento. Ainda é o sucesso no cinema que determina o sucesso no home-video e nas outras mídias (TV, Internet, McDonalds, etc.). O triste da história é ver que o cinema anda cada vez mais funcionando por essa função, de ponto de partida para o lançamento de um produto industrial, assim como o lançamento de um carro; e menos pela função de templo para o espectador ir de encontro a um trabalho em que um artista está confiando sua obra de arte, cheia de referências da vida e para a vida.
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Dan O’Bannon
Morreu aos 63 anos, quinta-feira passada (17), Dan O’Bannon. Ele foi o roteirista por trás de alguns dos mais famosos filmes de ficção científica e horror do cinema. Graduado junto a John Carpenter, O’Bannon foi seu parceiro como co-roteirista, supervisor de efeitos especiais, montador e ator (como o Sargento Pinback) no primeiro filme dele: “Dark Star” (1974). O’Bannon também preparou alguns efeitos para “Guerra nas Estrelas” (1977), “Alien” (1979) e “Duna” (1984).
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Steve Carrell
A Warner Bros.esta seduzindo Stevel Carell – bastante ocupado com o série para TV “The Office” – para atuar numa nova comédia romântica no mesmo estílo doce/amargo de “Simplesmente Amor” (2003), pelo qual Carell seria um homem em crise matrimonial preocupado em restaurar sua relação com os filhos. Para roteirizar o projeto, Dan Fogelman, de “Carros”, foi chamado e trabalha junto com Carell na história.
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Marcos Jorge
Marcos Jorge, cineasta celebrado por “Estômago”, prepara seu novo longa-metragem “2 Sequestros”. A sinopse é no mímino prosáica. Fala de um perigoso traficante cujo cachorro foi sequestrado pela carrocinha. O bandido resolve se vingar sequestrando o filho do motorista da carrocinha. Ele vai gastar R$ 4,2 milhões para contar essa história. Deve chamar atenção nos EUA, país alucinado por cachorros.
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