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Festivais

13o Tiradentes (2010) – noite 5

TIRADENTES (MG) – A noite da segunda-feira (25/01) viu o único programa competitivo – chamado “Aurora” – da 13ª. Mostra de Cinema de Tiradentes ser aberta pelo “Terras”, de Maya Da-Rin, filha do cineasta e secretário do audiovisual do Ministério da Cultura, Silvio Da-Rin. Vale dizer que este programa joga luz na produção de realizadores em início de carreira se aventurando num longa-metragem. O […]

Por Luiz Joaquim | 26.01.2010 (terça-feira)

TIRADENTES (MG) – A noite da segunda-feira (25/01) viu o único programa competitivo – chamado “Aurora” – da 13ª. Mostra de Cinema de Tiradentes ser aberta pelo “Terras”, de Maya Da-Rin, filha do cineasta e secretário do audiovisual do Ministério da Cultura, Silvio Da-Rin. Vale dizer que este programa joga luz na produção de realizadores em início de carreira se aventurando num longa-metragem.

O documentário de Maya situa-se, geograficamente, na região fronteiriça do Brasil com a Colombia e Peru, concentrando-se mais específicamente nas cidades de Letícia (CO) e Tabatinga (BR). Nesse zona de interação entre os povos, em maior parte indígena, Maya desenha um painel bastante atento à voz daquela população, que não percebe sentido nas linhas demarcatórios entres os países já que a relação entre eles ultrapassa esses limites políticos impostos pelos “brancos”.

Num dos depoimentos mais autênticos, uma nativa explica teatralmente que para eles dividir a terra (que é a mãe, o pai e a divindidade deles) é como literalmente decepar em pedaços a mãe biológica humana deles. “A relação deles com a terra está num nivel de espiritualidade muito além da nossa”, ressaltou Maya no debate hoje pela manhã.

No sentido de tentar traduzir essas sensações em matéria audiovisual, a diretora fez aqui um belo trabalho abençoado pela comunhão entre a fotográfia de Pedro Urano e o desenho de som de Edson Secco.

Com o primeiro, temos um trabalho de exploração do que está fora do quadro a partir de um enquadramento rígido e fixo. Essa cuidadosa composição só ressalta Urano como um dos mais talentosos fotógrafos de cinema de sua geração. Por sua vez, o “fora do quadro” é ressaldo pelos poderosos sons e ruídos propostos por Secco. Nos conduz suavemente entre as fronteiras invisíves, como a mostrada na imagem que navega num barco no rio Solimões cortado pelos três países citados acima. É um filme “gostoso de se ouvir”, como foi dito na platéia após a sessão no Cine-Tenda.

A Mostra segue hoje pela manhã com um debate sobre o olhar estrangeiro sobre o Brasil, com convidados franceses. À tarde com o encontro da Associação Brasileira de Documentaristas, à noite com o longa “Um Lugar ao Sol” do pernambucano Gabriel Mascaro na mostra “Aurora”. Na sequência, os conterrâneos de Mascaro, Kleber Mendonça Filho (representado por Juliano Dornelles) e Sérgio Oliveira, exibem os curtas-metragens “Recife Frio” e “Faço de Mim o que Quero” no programa “Foco”, criada este ano para englobar as obras mais representativas do período 2009/2010.

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