13o Tiradentes (2010) – noite 6
Sérgio Oliveira lança curta em MG
Por Luiz Joaquim | 27.01.2010 (quarta-feira)
TIRADENTES (MG) – O Cine-Tenda na 13ª Mostra de Cinema de Tiradentes foi, ontem (26), o palco da estréia nacional do novíssimo curta-metragem do pernambucano Sérgio Oliveira, chamado “Epox”. Passou dentro do programa ‘Panorama’, destinado à, como diz o próprio nome, arregaçar o cenário da boa produção contemporâna de curtas.
Com a sinopse sintetisando a idéia do filme apenas pela assertiva “liberade é um trampo”, Oliveira leva seu espectador na bagagem de personagens nômades sempre em trânsito, em deslocamento por cidades latinoamericanas, corroborando o discurso daquele estilo de vida pautado pela total lealdade a não manter amarras com nenhum lugar ou nenhuma instituição.
O filme é, em outras palavras, uma livre observação sobre o estilo de vida dos hippies de hoje e de sua ideologia, ainda viva, mesmo estando nós tão distantes de sua origem há cerca de quatro décadas. O desenho estético e narrativo aqui é bastante próximo ao anterior de Oliveira, “Faço de mim o Que Quero”, que exibe hoje aqui em Tiradentes.
O longa da mostra ‘Aurora’ na terça-feira, “Estrada para Ythaca”, veio do Ceará – assim como outro grande número de curtas, destacando o Estado como o grande celebrado pela Mostra nesse ano.
Dirigido, produzido, fotografado e atuado pelos Irmão (Luiz e Ricardo) Pretti além de Guto Parente e Pedro Diógines, a obra é um road-movie, ou como disse o crítico baiano João Carlos Sampáio em debate ontem pela manhã, é um “anti-road-movie”. Isso porque “Estrada…” corre através de um viagem destes três amigos bêbados que partem para esse lugar embalado pela dor da recente morte de um amigo, Júlio (Ythallo Rodrigues), figura onipresente em toda esse luto dos quatro amigos.
Mas essa estrada (quase) não oferece elementos para a ação do filme. As ações emergem muito mais de dentro desses rapazes em luto. Nisso, o filme, que traz referências a Glauber Rocha, Godard, Buñel e outros, utiliza-se de planos longos, mas bela e utilmente adequados à narrativa, conquistando um equilírio que é costumeiramente difícil quando se considera o desejo de “arrastar” o espectador para dentro do filme.
Logo depois, Pedro Diógines correu para a Praça e apresentou seu curta “Vista Mar”, pelo qual vemos sua equipe forjando o interesse em comprar um apartamento de luxo a beira mar de fortaleza. O discurso aqui é assombrosamente afinado ao de uma leva de filmes pernambucanos que tentam entender esse universo da elita brasileira, sendo um deles “Um Lugar ao Sol”, de Gabriel Mascaro, que exibe hoje por aqui.
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