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Críticas

À Procura de Eric

Do futebol para a vida

Por Luiz Joaquim | 29.01.2010 (sexta-feira)

Eis um filme que consegue agregar valores aparentemente desprezados por alguns e mostrar a estes a grandeza de tais valores. Estamos falando de “Á Procura de Eric” (Looking for Eric, Ing., 2009), de Ken Loach, que estreia no Cinema da Fundação. Com Eric Cantona, um ídolo do time de futebol inglês, o Manchester United, aparecendo como um fantasma ou anjo da guarda do protagonista Eric Bishot (Steve Evest), temos aqui a perfeita lição de como apropriar para a vida real os preceitos de amizade e lealdade por trás do que significa torcer para um time de futebol.

Bishop é um carteiro amargurado pela vida frustada em função de não viver com a única mulher que amou. Separado há 30 anos, tem agora de encará-la em função do netinha dos dois. Ao mesmo tempo, se vê em constante dificuldade para educar os dois filhos adotivos – em particular o adolescente envolvido com um traficante barra pesada.

O Eric Cantona (como ele mesmo) aparece justamente nos momentos cruciais da vida de Bishop para lhe empurrar em direção a soluções que só o próprio Bishop pode resolver. Tudo funciona como uma bela terapia. Os sempre curiosos conselhos de Cantona – ditos num inglês de cômico sotaque francês – refletem, ou melhor, a aproveitam a aura real da figura pública de Cantona. Essa é um das melhores idéias contida no filme. O exemplo explicito disso está ao final do filme, quando uma imagem de arquivo mostra o jogador largando uma de suas frases enigmáticas numa entrevista coletiva.

É a partir da resposta de Cantona para Bishop – quando este faz a pergunta: “qual foi o melhor momento da sua carreira? Foi um gol, não foi?”- que o carteira verá uma luz para iluminar um problema aparentemente insolúvel que envolve o amor de sua vida e seus filhos adotivos.

Vale ressaltar que Loach mantém seu espírito livre quando mostra o universo suburbano londrino em sua mais autêntica personalidade. A forma se apresenta aqui, e em outros de seus filmes, como por exemplo o uso da palavra ‘fuck’ em cada expressão dita -, e não deixa dúvida do lugar onde estamos. Piadas também reforçam o nível social de nossos personagens, mas sem diminuí-los. Numa delas, um coadjuvante pensa que o Youtube é uma nova pasta para o cabelo. Pelas mãos de Loach, rimos com eles, mas nunca deles.

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