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Reportagens

Morre Eric Rohmer

Perdemos um cânone do cinema francês

Por Luiz Joaquim | 11.01.2010 (segunda-feira)

Eric Rohmer, diretor de 24 filmes em mais de 50 anos de carreira, e um dos autores da maior insurreição cinematográfica da França, a “Nouvelle Vague”, faleceu hoje na França, aos 89 anos. Admirador confesso do “rico imaginário” de Fritz Lang, do qual fez uma dissertação, o ex-professor de literatura Rohmer testou seu talento fazendo, primeiro, curtas-metragens nos anos 1950.

Rohmer foi, junto a François Truffaut, Jean-Luc Godard, Claude Chabrol e Jacques Rivette, um dos elementos intelectuais que formavam o núcleo principal da “Nouvelle Vague”. Apelidados de ‘Jeunes Turcs’ (jovens turcos), os cinco jornalistas da revista ‘Cahiers du Cinéma’ tinham como mentor André Bazin. Entre os anos de 1957 e 1963 tornou-se editor da Cahiers e fez questão de manter sua veia literaria e filosófica quando produziu o longa: “O Signo do Leão” (1960).

Fã de Howard Hawks, Jean Renoir e Roberto Rossellini, Rohmer foi, com seu cinema, a mais exemplar encarnação da “Política dos Autores”, que criou junto aos parceiros de crítica cinematográfica. Trabalhava sempre a ‘palavra’ em seus filmes. De particular, mantinha uma gosto por discutir a liberdade, com a ‘palavra’ para associar a elevação do espírito pela linguagem do cinema a partir de uma audaciosa concepção de espaço e de tempo.

No início, Rohmer trabalhou com personagens burgueses, que levavam um vida monótona. Seu reconhecimento mundial veio com “Minha Noite Com Ela” (1969), com o qual concorreu ao Oscar de roteiro e de filme estrangeiro,além da Palma de Ouro em Cannes. No enredo, o ator Jean-Louis Trintgnant é um católico devoto que decide casar com uma mulher que acaba de conhecer numa missa. Mas, ao conhecer a ex-amante de um amigo, inicia uma série de indagações sobre ética e religião. É o terceiro filme da série ”Seis Contos Morais”.

Rohmer dividiu claramente sua filmografia em séries temáticas: “Contos Morais” (anos 1960 e 1970), “Comédias & Provérbios” (anos 1980), e “Contos das Quatro Estações” (anos 1990). Com estas séries, Rohmer aproximou o mundo literário do cinema de forma muito pessoal, fazendo o espectador discernir sobre a própria idéia dele mesmo como um autor.

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