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Críticas

Guerra ao Terror

Sob a égide de Hitchcock

Por Luiz Joaquim | 05.02.2010 (sexta-feira)

Mas afinal, o que há de tão especial neste “Guerra ao Terror” (The Hurt Locker, EUA, 2008), de Kathryn Bigelow? O filme conquistou nove indicações ao Oscar, igualando-se ao todo poderoso “Avatar”, de James Cameron, cineasta que – não se fala em outra coisa – é ex-marido de Bigelow.

Primeiro seja interessante chamar a atenção ao fato de que, mesmo antes de hoje, centenas de pessoas já viram o filme no Brasil. Não porque tenham baixado pela internet, mas porque foram às locadoras e lá encontram o filme em DVD original disponível desde abril de 2009, sem o filme ter passado pelos cinemas. Isso só denota os critérios, muitas vezes equivocados, de definição por parte do distribuidor brasileiro a respeito de o que lançar primeiro nos cinemas e o que lançar direto em home-vídeo. Oxalá este exemplo abra os olhos dos distribuidores.

Antes de comentar “Guerra ao Terror”, é importante resgatar a teoria do mestre do suspense, Alfred Hitchcock, para falar do êxito deste filme. O cineasta inglês, certa vez fez uma analogia a uma bomba para nos explicar a diferença entre terror e suspense. Ele dizia que quando uma bomba está numa sala e nós espectadores não sabemos disso, somos pegos de surpresa quando ela explode. Nesse instante, somos vítimas (e os personagens também) do terror, e a tensão se esgota rápido, ali, naquele momento.

Quando nós, espectadores, sabemos da existência da bomba na sala, aí temos duas situações. Numa, os personagens do filme estão conosco, também sabendo do iminente perigo, e sofrem o suspense do “quando será que explodirá?”. Noutra o suspense é apenas nosso, pois os personagens não sabem da presença da bomba. E temos a tensão estendida por um longo suspense.

Em “Guerra ao Terror”, as duas situações estão lá em toda a sua extensão. Nesse sentido, temos um longa-metragem que mostra seus personagens em constante tensão, sendo essa constância um elemento de perturbadora distorção da realidade. Entra no bojo dessa discussão como essa distorção da realidade vivida por militares norte-americanos afeta suas vidas após a experiência da guerra (tema de alto interesse por Hollywood).

Há, ainda, um apurado técnico no filme de Bigelow que faz arregalar os olhos a cada efetiva explosão que se dá na tela. Curioso observar que temos aqui um essencial filme masculino, nos termos de convívio entre os “desmontadores de bombas” do Iraque. Nas mãos da diretora, temos sim uma boa representação deste universo masculino.

“Guerra ao Terror” traz uma combinação equilibrada de adrenalina e boas atuações dramáticas inteligentemente dosadas ao longo do filme. Vide a indicação do protagonista Jeremy Renner ao Oscar, além de roteiro original e montagem. E temos ainda a participação relâmpago de Guy Pearce e Ralph Fiennes. Vejamos, então, a performance de “Guerra ao Terror” nos cinemas.

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