Faltavam apenas cinco minutos em Los Angeles para o dia 8 de março iniciar (data internacional comemoratia do dia da mulher) quando a cineasta Kathryn Bigelow foi anunciada no Kodak Theater como a melhor diretora pelo filme “Guerra ao Terror”. Com o título, Bigelow fez história tornando-se a primeira mulher a receber a estatueta pelo prêmio. Quatro minutos, depois ela volta ao palco com sua equipe para receber o maior título da noite de domingo, o de melhor filme, somando seis troféus com os para roteiro original, montagem, edição de som e mixagem de som.

Nessa cenário, “Guerra ao Terror” desbancou a megaprodução, campeã absoluta de arrecadação (US$ 706 bilhões, até agora) chamada “Avatar”, do vaidoso James Cameron. Cameron ganhou da ex-esposa Bigelow apenas em um categoria (das nove que concorria), levando os Oscars por fotografia. Nos outros dois títulos que levou – efeito especial e direção de arte -, Cameron não concorria com Bigelow. Por conta da vitoria da cineasta, pipocaram brincadeiras na internet (na rede social Twitter) dizendo que 8 de março agora é o dia da ex-mulher.

Ao considerarmos o Oscar como uma festa-consagração para o mercado do entretetimento, a vitória de “Guerra ao Terror” pode ser considera uma surpresa sobre “Avatar”, quando levamos em conta as cifras deste. Mas não foi totalmente uma surpresa. Com sua produção elegante, Bigelow chamou a atenção para temas delicados e caros ao EUA, como a ocupação norte-americana no Iraque, o grau de tensão e as mortes dos soldados gringos por lá, além da estupidez causadas pela guerra de um modo geral. De certo modo, o assunto abriu mais os olhos dos 6,5 mil votantes da Acadêmia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood que a fábula infantilóide de Cameron.

Outra novidade deste ano, além dos dez indicados ao melhor filme, foi a apresentação para melhor ator e atriz nos moldes do programa “Arquivo Confidencial”, comum no televisivo “Domingão do Faustão”. No palco, atores que alguma vez contracenaram com os concorrentes Jeff Bridges, George Clooney, Colin Firth, Morgan Freeman, Jeremy Renner e com as concorrentes Sandra Bullock, Helen Mirren, Carey Mulligan, Gabourey Sidibe e Meryl Streep discurssaram o quanto todos eles eram talentosos e generosos.

Apesar destes discursos atrasarem a cerimônia, ao mesmo tempo deram um torm menos robotizada à festa. Michelle Pfeifer quase tirou lágrimas de Bridges quando lembrou do colega no filme “Susie e Os Baker Boys” (1989). O primeiro Oscar que ele ganhou neste domingo (por “Coração Louco”, que ainda levou melhor canção), terminou por ser uma celebração de toda sua carreira, sendo aplaudido de pé por isso. O mesmo aconteceu com Bullock, sendo ovacionada pela sua trajetoria, que a trouxe ao Oscar por “Um Sonho Possível”. Bem humarada, ela perguntou: “Eu mereço mesmo isso ou vocês cansaram de mim?”

Depois da surpresa de Bigelow sobre Cameron, a grande zebra da noite foi o título de melhor filme estrangeiro ter ido para as mãos do argentino Juan José Campanella (por “O Segredo de Seus Olhos”) e não para Michael Haneke (pela obra-prima “A Fita Branca”). Quem estava no palco para entregar a estatueta a Campanella eram Pedro Almodóvar e Quentin Tarantino. Outra obra-prima relegada pela Academia foi “Bastardos Inglórios”, que deu prêmio apenas para Chritoph Waltz como coadjuvante. Já quem levou como atriz coadjuvante foi Mo’Nique por “Preciosa”. O filme ficou também com o prêmio de roteiro adaptado.

Outro título premiado duplamente foi “Up: Altas Aventuras”, como melhor longa de animação e trilha sonora. Já a refilmagem de “Star Trek” foi lembrada como a melhor maquiagem. “Amor sem Escalas”, que concorria em seis categorias, não levou nenhum prêmio.

———————–
Oscar 2010 – Premiados
Melhor filme: “Guerra ao terror”
Melhor direção: Kathryn Bigelow, “Guerra ao terror”
Melhor atriz: Sandra Bullock, “Um sonho possível”
Melhor ator: Jeff Bridges, “Coração louco”
Melhor atriz coadjuvante: Mo’Nique, “Preciosa”
Melhor ator coadjuvante: Christoph Waltz, “Bastardos inglórios”
Melhor filme estrangeiro: “O segredo dos seus olhos” (Argentina)
Melhor edição (montagem): “Guerra ao terror”
Melhor documentário: “The cove”
Melhores efeitos visuais: “Avatar”
Melhor trilha sonora: “Up: Altas aventuras”
Melhor cinematografia (fotografia): “Avatar”
Melhor mixagem de som: “Guerra ao terror”
Melhor edição de som: “Guerra ao terror”
Melhor figurino: “The young Victoria”
Melhor direção de arte: “Avatar”
Melhor roteiro adaptado: “Preciosa”
Melhor maquiagem: “Star trek”
Melhor curta-metragem: “The new tenants”
Melhor documentário em curta-metragem: “Music by Prudence”
Melhor curta-metragem de animação: “Logorama”
Melhor roteiro original: “Guerra ao terror”
Melhor canção: “The weary kind”, de “Coração louco”
Melhor animação: “Up :Altas aventuras”