Sessões cabine
Câmera clara 194
Por Luiz Joaquim | 12.03.2010 (sexta-feira)
Algumas pessoas já demonstraram curiosidade sobre como é a rotina de alguém que escreve críticas de cinema nos jornais diários. De um modo generalizado, as empresas marketeiras apontam “sessões cabine” para a imprensa dias antes da estreia do filme na grade comercial das salas de cinema – normalmente esse lançamento é numa sexta-feira. A semana do cinema, desde os anos 1970, começa na sexta-feira e vai até a quinta-feira. A chamadas “sessões cabines” – que acontecem numa das salas de cinema da cidade (normalmente aquela que o filme ocupará na sexta-feira de sua estreia) – são feitas para, aqui no Recife, uma meia dúzia de jornalistas e blogueiros. As ‘cabines’ acontecem, usualmente, entre segunda e quarta-feira. As estreias, como as concebemos hoje, nem sempre foram na sexta-feira. Na introdução do livro “Olhar Crítico: 50 Anos de Cinema Brasileiro” – resenhado aqui neste site (veja link abaixo) – o crítico Ary Azeredo explica que “décadas atrás, os críticos podiam ver os lançamentos um por um – em meio aos espectadores – e produzir suas análises tranquilamente. Havia tempo para reflexão porque, em geral, a estreia vista na segunda-feira geraria uma artigo escrito na terça-feira, para o jornal da quarta. E assim por diante. Os leitores se habituaram a encontrar críticas em todos (ou quase todos) os dias da semana. Essa fase áurea naufragou na segunda metade dos anos 1970, quando entrou em vigor a pártica de publicar comentários sobre todos os filmes no dia do lançamento – como ocorre até hoje, com a concentração de estreias na sexta-feira. Esse ímpeto modernizante teve início na “Folha de S. Paulo”. As distribuidoras se desdobraram para promover sessões cabine (prévia para a imprensa) de todos os lançamentos em dois ou três dias. Como os críticos não podiam estar em vários lugares ao mesmo tempo, as editorias começaram a convocar repórteres para dupla jornada, somando as mais diversas pautas à resenha de filmes. Com um punhado de resenhas acotovelando-se na mesma paginação, o espaço de reflexão teve fim. Resultado: as páginas de crítica veiculam textos que, na maioria dos casos, podem ser considerados dicas de consumo”. Falou o grande Ely Azeredo.
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bompreço no Oscar
O colega (e também cineasta em gestação, Neco Tabosa) chamou a atenção para um imagem impressionante para os pernambucanos no curta-metragem de animação que veio da França chamado “Logorama”, de François Alaux e Herve de Crecy. O filme, vencedor, há dois domingos, do Oscar 2010 da categoria, conta em 16 minutos a história de uma caçada policial por uma criminoso armado numa Los Angeles que é inteiramente desenhada a partir de logomarcas de empresas do mundo inteiro. Logo no início, em torno dos 40 segundos, é possível ver, numa tomada aérea, a logomarca do Hiperbompreço sobre o telhado de uma loja. Para assistir o filme, acessar http://www.garagetv.be/video-galerij/buzzing_bees/De_kortfilm_der_logo_s.aspx
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Filme Cultura
O Centro Técnico Audiovisual (CTAv), do Ministério da Cultura (MinC) relança este mês uma publicação lendária do jornalismo cinematográfico: a revista “Filme Cultura”. Criada em 1965, a publicação circulou até 1988 (em sua maioria sob os auspícios da extinta Embrafilme). Foram 48 edições, sendo a 49ª uma edição especial publicada em 2008. Ela volta às bancas em poucas semanas a partir do número 50. No novo conselho editorial estão os críticos Carlos Alberto Mattos, José Carlos Avellar e Daniel Caetano. Neste número histórico, este colunista que aqui escreve assina um artigo sobre o atual cinema de Pernambucano intitulado “Os frutos da audácia pernambucana”.
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