Uma Noite Fora de Série
Novo combustível para o amor
Por Luiz Joaquim | 09.04.2010 (sexta-feira)
O cinema norte-americano nós dá mais uma fábula urbana para falar de um ideário de amor com “Uma Noite Fora de Série” (Date Night, EUA, 2010), de Shaw Levy (diretor de “Uma Noite no Museu”). Filme é focado numa noite que dá errado para o casal formado pelo eterno “Virgem de 40 Anos” Steve Carrell – como o contador Phill -, e sua esposa, a corretora de imóveis Claire – Tina Fey ( da série “30 Rock”, na Sony).
Casados há alguns bons anos, com dois filhinhos pequenos, Phill e Claire Foster são felizes com suas conquistas, mas já experimentam alguns desgastes na vida a dois. E quando um casal amigo anuncia a separação, eles começam a refletir se eles mesmos não se tornaram apenas melhores amigos.
Para esquentar a relação, eles marcam um jantar num restaurante disputado em Manhattan, mas não conseguem uma mesa e acabam ocupando a reserva dos Tripplehorms (James Franco e Mila Kunis), um casal de bandidos perseguidos por chantagem. É o mote para um mal entedido acontecer e os Fosters terem de passar a madrugada inteira fugindo e tentando provar a inocência. Na bagunça, entra em cena a polícia corrupta, um político (William Fichtner) e um bandido (Ray Liotta). A confusão lembra um clássico do gênero dos anos 1980 chamado “Depois de Horas”, mas sem a mesma leveza e fluência da comédia de Martin Scorsese.
Na verdade, a bagunça aqui é apenas um pano de fundo para o casal redescobrir que não são apenas “melhores amigos”. Assim sendo, a estrutura do roteiro (bem amarrada, diga-se) oferece diversas situações para que eles voltem a prestar atenção neles mesmos. Por exemplo, quando Phill demonstra ciúmes por Claire ao encontrar um de seus clientes, o detetive descamisado Hollbrook (Mark Wahlberg). “Por que ele precisa de tantos músculos nos ombros?”, questiona-se Phill entre uma pedida e outra para que Hollbrook vista uma camisa. Ou ainda quando ela precisa usar roupas de stripper para entrar numa boate “Não consigo parar de olhar para seu seio”, diz o marido.
Apesar de tratar de um assunto sério, “Uma Noite Fora de Série” não se leva a sério e não é para ser interpretado assim. Mesmo porque a abordagem da crise familiar esquece quase que completamente das crianças do casal. Elas servem no máximo para duas piada sem graça. A razão da correria exister é para mostrar um casal aguado do subúrbio se virando (e precisando um do outro) em situações extremas, para dizer que, em termos de confiança mútua em crise, basta contar até três para que tudo dê certo.
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