14° Cine-PE (2010) – encerramento / balanço
Relativizando o Cine-PE
Por Luiz Joaquim | 03.05.2010 (segunda-feira)
Encerrou às 23h20 de ontem, no cinema São Luiz, a 14° edição do Cine-PE: Festival do Audiovisual. Repetindo o sucesso alcançado em 2001 neste mesmo festival, quando levou nove troféus por “Bicho de 7 Cabeças”, a cineasta sai agora do Recife como grande vencedora com sete Calungas (troféu do festival), por “As Melhores Coisas do Mundo”. O longa-metragem arrebou prêmios de melhor filme, direção, roteiro, fotografia, edição de som, direção de arte e ator (o protagonista, de 15 anos, Francisco Miguez). O trabalho também foi lembrado com o prêmio da crítica, para quem Bodanzky agradeceu lembrando que “o seu olhar melhora o meu”.
“O Homem Mau Dorme Bem”, longa brasiliense de Geraldo Moraes, também foi celebrado pelo júri do festival com os prêmios de ator e atriz coadjuvantes para, respectivamente, Bruno Torres e Mariana Nunes. O filme ainda foi eleito o melhor filme pelo público, a quem Moraes mandou o recado: “Fizemos este filme para vocês. Dedico este prêmio aos 200 longas que nunca exibiram no País, porque a coisa mais difícil no Brasil é exibir filme brasileiro”, desabafou.
O documentário “Sequestro”, de Wolney Atalla, foi lembrado como melhor roteiro (dividido com Bodanzky) e montagem. Quem recebeu o prêmio por Atalla, ausente na premiação, foi Marcelo Brennand, que ganhou a Mostra Pernambuco com seu longa “Porta à Porta”. Brennand explicou dizendo que o montador de “Sequestro”, Marcelo Moraes, também montou o seu documentário.
O filme “Leo & Bia”, estréia de Oswaldo Montenegro dirgindo filmes, recebeu o troféu de melhor atriz para Paloma Duarte. Já o ator Rogério Fros levou o prêmio especial do júri por sua história como ator e atuação em “Não se Pode Viver Sem Amor”. O filme ainda foi lembrado pela Federação Pernambucana de Cineclubes como o melhor longa.
CURTAS
“Bailão”, documentário do paulista Marcelo Caetano, foi eleito o melhor da competição. Mas os pernambucanos somaram a maior quantidade de prêmios. “Recife Frio”, de Kleber Mendonça Filho, ficou com as Calungas de direção, roteiro e direção de arte, além do prêmio aquisição TV Cultura program “Zoom”. Já o curta “Faço de Mim o Que Quero”, levou o prêmio aquisição Canal Brasil. “Azul”, deu título de melhor atriz a Zezita Matos. O melhor curta digital foi o carioca “Áurea”, de Zeca Ferreira.
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Texto 2
Ao agradecer pelo principal prêmio, entre os oito que levou no 14ø Cine-PE: Festival do Audiovisual – encerrado na noite de domingo no cine São Luiz -, a diretora paulista Laiz Bodanzky salientou que “não fazemos filmes para competir. Fazemos filmes para nos comunicarmos com aqueles que nem conhecemos”. Com seu “As Melhores Coisas do Mundo”, a diretora repetiu o êxito alcançado no festival local em 2001, com “Bicho de Sete Cabeças”, quando recebeu nove prêmios por aqui.
Indenpendente dos méritos do filme (que estreia nesta sexta-feira), é preciso relativizá-los considerando a grade competitiva no histórico do Cine-PE. Competiam seis longas-metragens, dentre os quais, dois eram documentários – “Sequestro”, de Wolney Atalla, e “Cinema de Guerrilha”, de Evaldo Mocarzel. Desta forma, quatro (ator e atriz protagonistas, e ator e atriz coadjuvantes) das 13 Calungas da premiação oficial, são disputadas apenas pelos títulos de ficção. Foram eles o de Bodanzky; o de Jorge Duran, “Não se Pode Viver Sem Amor”; o de Geraldo Moraes, “O Homem Mau Dorme Bem”; e o de Oswaldo Montenegro, “Leo & Bia”. Este último deu o título (seu único prêmio) de melhor atriz para Paloma Duarte. Entretanto, mais uma vez relativizamos com a pergunta: quem eram as concorrentes de Paloma?
Do ponto de vista técnico, “Sequestro” chamou a atenção pelo trabalho de roteirização e montagem, levando os prêmios aqui, a partir de quatro anos do acúmulo de imagens em material bruto captados pro Wolney que colou na Polícia Anti Sequestro de São Paulo. E o equivoco de Evaldo Morcarzel, “Cinema de Guerrilha”, não teve nenhum reconhecimento. Nem de júri nem de público. Já o trabalho de Duran foi lembrado pela Federação Pernambucana de Cineclubes por suscitar a fantasia em sua melhor forma.
“O Homem Mau Dorme Bem” (DF), por sua vez, ganhou os títulos de ator e atriz coadjuvantes (Bruno Torres e Mariana Nunes), além do prêmio do público. Mesmo prêmio recebido pelo curta-metragem – também brasiliense – “A Noite por Testemunha”, do mesmo Bruno Torres (filho de Geraldo Moraes). Há aqui uma, no mínimo, curiosa contradição nestes prêmios. Se pudessemos medir popularidade pelos aplausos, os curtas vencedores seriam “Faço de Mim o Que Quero”, de Sérgio Oliveira e Petrônio Lorena, “Os Amigos Bizarros de Ricardinho”, de Augusto Canani, e “Recife Frio” (Calunga de direção, roteiro e direção de arte), de Kleber Mendonça Filho.
Curioso que obra de Kleber foi eleita pelo público no Festival de Brasília, terra de Bruno Torres e, curiosamente, perde aqui no Recife. “A Noite por Testemunha”, exibido aqui na quarta-feira, foi também visto por muito menos gente que “Recife Frio” na segunda-feira. Assim como “O Homem Mau…”, tarde da noite na terça-feira, tinha metade da platéia de “As Melhores Coisas do Mundo”. Talvez esse seja um recado para a produtora BPE rever os critérios da votação popular.
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PREMIAÇÕES
LONGAS-METRAGENS
Melhor Longa-Metragem: As Melhores Coisas do Mundo (SP), com direção de Laís Bodanzky. Ficção.
Melhor Direção: Laís Bodanzky, por As Melhores Coisas do Mundo (SP). Ficção.
Melhor Roteiro: Luiz Bolognesi, por As Melhores Coisas do Mundo (SP). Ficção. Direção: Laís Bodanzky. E Wolney Atalla e Caio Cavechini por Seqüestro (SP). Documentário. Direção: Wolney Atalla.
Melhor Ator: Francisco Miguez, por As Melhores Coisas do Mundo (SP). Ficção. Direção: Laís Bodanzky.
Melhor Atriz: Paloma Duarte, por Léo e Bia (RJ). Ficção. Direção: Oswaldo Montenegro.
Melhor Ator Coadjuvante: Bruno Torres, por O Homem Mau Dorme Bem (DF). Ficção. Direção: Geraldo Moraes.
Melhor Atriz Coadjuvante: Mariana Nunes , por O Homem Mau Dorme Bem (DF). Ficção. Direção: Geraldo Moraes.
Melhor Fotografia: Mauro Pinheiro Jr, por As Melhores Coisas do Mundo (SP). Ficção. Direção: Laís Bodanzky.
Melhor Edição de Som: Alessandro Laroca, por As Melhores Coisas do Mundo (SP). Ficção. Direção: Laís Bodanzky.
Melhor Montagem: Marcelo Moraes e Marcelo Bala, por Seqüestro (SP). Documentário. Direção: Wolney Atalla.
Melhor Trilha Sonora: Oswaldo Montenegro, por Léo e Bia (RJ). Ficção. Direção: Oswaldo Montenegro.
Melhor Direção de Arte: Cássio Amarante, por As Melhores Coisas do Mundo (SP). Ficção. Direção: Laís Bodanzky.
Prêmio do Júri Popular: O Homem Mau Dorme Bem (DF). Ficção. Direção: Geraldo Moraes
Prêmio Especial do Júri: Para Rogério Fróes, ator de Não se Pode Viver sem Amor, pela importante contribuição à cultura, ao teatro e ao cinema brasileiro.
Prêmio Especial da Crítica: As Melhores Coisas do Mundo (SP), com direção de Laís Bodanzky.
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CURTAS-METRAGENS 35mm
Melhor Curta-Metragem 35mm: Bailão (SP). Documentário. Direção: Marcelo Caetano.
Melhor Diretor: Kleber Mendonça Filho, por Recife Frio (PE). Ficção.
Melhor Roteiro: Kleber Mendonça Filho, por Recife Frio (PE). Ficção. Direção: Kleber Mendonça Filho.
Melhor Ator: Ricardo Lilja, por Amigos Bizarros do Ricardinho (RS). Ficção. Direção: Augusto Canani.
Melhor Atriz: Zezita Matos, por Azul (PE). Ficção. Direção: Eric Laurence.
Melhor Fotografia (prêmio dividido): Ivo Lopes Araújo, por A Montanha Mágica (CE)/Documentário/Direção: Petrus Cariry. E André Lavenère, por A Noite por Testemunha (DF)/Ficção/Direção: Bruno Torres.
Melhor Montagem: Lucas Gonzaga, por Amigos Bizarros do Ricardinho (RS). Ficção. Direção: Augusto Canani.
Melhor Edição de Som: Vinícius Leal e Jessé Marmo, por Geral (RJ). Documentário. Direção: Anna Azevedo.
Melhor Trilha Sonora: Revertere AD Locum Tuum (MG). Ficção. Direção: Armando Mendz
Melhor Direção de Arte: Juliano Dornelles, por Recife Frio (PE). Ficção. Direção: Kleber Mendonça Filho.
Prêmio do Júri Popular: A Noite por Testemunha (DF). Ficção. Direção: Bruno Torres
Prêmio Especial do Júri: Circuito Interno (SP). Ficção. Direção: Júlio Martí. Pela abordagem inédita e criativa de um tema urgente e grave da atualidade brasileira e, ao mesmo tempo, global.
Prêmio Especial da Crítica: Geral (RJ). Documentário. Direção: Anna Azevedo.
Prêmio TV Cultura/Zoom para o Melhor Curta-Metragem 35mm: Recife Frio (PE), ficção. Direção: Kleber Mendonça Filho.
Prêmio Aquisição Canal Brasil para o Melhor Curta-Metragem 35mm: Faço de Mim o Que Quero (PE). Documentário. Direção: Sérgio Oliveira e Petr”nio Lorena.
Prêmio dos Cineclubistas: Faço de Mim o que Quero (PE). Documentário. Direção: Sérgio Oliveira e Petr”nio Lorena.
Menção Honrosa: ZÉ (S)/RJ. Documentário. Direção: Piu Gomes. Por despertar cinematograficamente a atenção para dois espaços teatrais cruciais para a cultura brasileira.
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CURTAS DIGITAIS
Melhor Curta-Metragem: Áurea (RJ). Ficção. Direção: Zeca Ferreira.
Melhor Diretor: Allan Ribeiro, por Ensaio de Cinema (RJ). Ficção.
Melhor Roteiro: Maria Camargo, por Se Meu Pai Fosse de Pedra (RJ). Documentário.
Melhor Montagem: Luelane Corrêa, por Áurea (RJ). Ficção. Direção: Zeca Ferreira.
Prêmio do Júri Popular: Tanto (SC). Ficção. Direção: Nataly Callai
Prêmio Especial do Júri: À fotografia de Áurea (RJ). Ficção. Direção: Zeca Ferreira.
Prêmio Especial da Crítica: Áurea (RJ). Ficção. Direção: Zeca Ferreira.
Prêmio de Menção Honrosa: Sweet Karolynne (PB). Documentário. Direção: Ana Bárbara Ramos.
Prêmio Genivaldo Di Paci-ABD/APECI: para Silvio Darin
Prêmio dos Cineclubistas: Faço de Mim o que Quero (PE)
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MOSTRA PERNAMBUCO
Curtas-Metragens
1ø colocado: Tereza-Cor na Primeira Pessoa. Documentário. Direção: Amaro Filho e Marcílio Brandão. Prêmio de R$ 5 mil
2ø colocado: Tchau e Bênção. Ficção. Direção: Daniel Bandeira. Prêmio de R$ 2 mil
Menção Honrosa: Aqui Mora uma Pessoa Feliz (PE). Ficção. Direção: Jean Santos.
Longa-Metragem
Porta à Porta. Documentário. Direção: Marcelo Brennand.
Prêmio de R$ 10 mil
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