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Festivais

5° CineOP (2010) – programação

Mostra de Ouro Preto anuncia programação

Por Luiz Joaquim | 26.05.2010 (quarta-feira)

Pelo quinto ano consecutivo acontece o CineOP: Mostra de Cinema de Ouro Preto, promovido pelo programa Cinema Sem Fronteiras, encabeçado por Raquel Hallack da Universo Produção. Considerado como uma dos mais sérios eventos de cinema do ponto de vista intelectual, o CineOP foca sempre a preservação como tema, e privilegia a exibição de clássicos do cinema brasileiro. Oferece também programas com filmes contemporâneos e seminários reunindo as melhores cabeças pensantes do País.

Dentro da programação contemporânea, a Mostra selecionou três novos curtas pernambucanos: a animação “O Homem Dela”, de Luiz Joaquim, editor deste CinemaEscrito; “A Banda”, de Chico Lacerda; e a ficção “À Felicidade”, de Carlos Nigro.

Acontecendo durante o período da Copa do Mundo, o CineOP este ano centraliza as atenções no assunto futebol. Sendo assim, a curadoria dos críticos Cléber Eduardo e Eduardo Valente, desenhou a programação com títulos como “Garrincha, Alegria do Povo” (1962), de Joaquim Pedro de Andrade; e “Brasil Bom de Bola”, realizado cine-jornal Canal 100. Serão exibidos 65 filmes. Detalhes da programação em ( www.cineop.com.br)

Abaixo, texto divulgado pela assessoria de mprensa do CineOP

5ª CineOP – Mostra de Cinema de Ouro Preto
17 a 22 de junho de 2010

CINEOP APRESENTA FILMES RESTAURADOS DA CINÉDIA, EXIBE CLÁSSICOS SOBRE FUTEBOL E ABRE ESPAÇO À PRODUÇÃO CONTEMPORÂNEA DE MÉDIAS E CURTAS EM SUA PROGRAMAÇÃO

Seguindo a tradição dos últimos cinco anos, as noites frias de junho em Ouro Preto serão mais uma vez aquecidas pela programação intensa de filmes da CineOP – Mostra de Cinema de Ouro Preto que chega a sua quinta edição, de 17 a 22 de junho – maior e mais convicta do seu papel – agregar valor de patrimônio à sétima arte. Nesta edição 65 filmes – 15 longas, 7 médias e 43 curtas – serão exibidos ao público na histórica cidade mineira, em 31 sessões de cinema gratuitas. Entre a produção da década de 30 da Cinédia (em cópias restauradas), filmes clássicos sobre o futebol brasileiro (em plena Copa do Mundo) e a mais recente safra de médias e curtas, o público terá a possibilidade de escolher entre os mais diversos estilos, gêneros e formatos de nosso cinema.

A homenageada desta edição é a Cinédia, pelos seus 80 anos de fundação. Terá uma retrospectiva de títulos da década de 30, todos restaurados. Primeira tentativa mais estruturada de se criar uma indústria cinematográfica no Brasil, o estúdio carioca equilibrava desde seu início a construção de uma infra-estrutura (como o então maior estúdio da América do Sul, em um terreno de 8 mil m2) com a produção de obras acessíveis ao grande público, mas sem abrir mão de pretensões artísticas.

O filme de abertura será a exibição de Bonequinha de Seda (1936), primeira super-produção brasileira, com duas conquistas técnicas a se registrar: o uso da grua e a “projeção por transparência”, onde cenas previamente filmadas eram projetadas na janela traseira de um carro para dar a sensação de movimento. O filme foi um estrondoso sucesso, ficando cinco semanas em cartaz, atrasando o lançamento de filmes estrangeiros e batendo o recorde de bilheteria da época. Em sessão especial para o então presidente Getúlio Vargas, ele afirmou sentir-se “recompensado pelo esforço que fiz amparando o cinema nacional”.

Já Lábios Sem Beijos (1930), a primeira produção do recém-criado estúdio, será exibida em uma sessão especial, com acompanhamento musical ao vivo do grupo francês DoubleCadence, repetindo o sucesso da 4ª CineOP com o Cine-Concerto Le Rendez-Vous du Sam’di Soir, na estreia mundial de um espetáculo inédito concebido especialmente para a Mostra de Cinema de Ouro Preto.

Serão exibidos ainda, dentro do contexto de homenagem à Cinédia, os longas Mulher (1931, que teve as cenas iniciais na favela cortadas a pedido dos exibidores para “não desagradar o público”), Ganga Bruta (1933, até hoje um dos maiores clássicos do cinema brasileiro, considerado por Glauber Rocha pedra angular do Cinema Novo) e Alô Alô Carnaval (1936, o mais famoso musical brasileiro, que catapultou Carmem Miranda para o sucesso em Hollywood).

“O público presente em Ouro Preto poderá apreender através desses filmes os diferentes caminhos expressivos e estratégicos da Cinédia para gerar um cinema ao mesmo tempo preocupado com uma evolução técnica em relação aos filmes dos anos 20, fim do cinema mudo, mas também empenhado em se relacionar com um número considerável de espectadores. Há desde nossos astros do rádio até narrativas e situações ousadas para aquele momento, como são os casos de Ganga Bruta e Mulher”, explica Cléber Eduardo, colaborador da temática histórica, que lembra ainda que essa produção é da primeira safra de filmes realizados no contexto do Estado Novo e de sua valorização do cinema.

Futebol: dos gramados para as telas

E no mês em que todos os olhares estarão voltados para os gramados, a CineOP não poderia deixar de destacar também em sua programação essa tabelinha entre o futebol e o cinema, que tantos gols já rendeu. Principalmente porque o ano de 1930, que viu nascer a Cinédia, viu nascer também um dos maiores eventos esportivos do mundo: foi o ano da realização da 1ª Copa do Mundo de Futebol, no Uruguai.

Para preparar o espírito para a participação da Seleção Brasileira na Copa da África – cujo jogo contra a Costa do Marfim será transmitido ao vivo pela CineOP no dia 20 – será exibido o filme Garrincha, Alegria do Povo (1962), de Joaquim Pedro de Andrade, tido como o primeiro documentário brasileiro sobre um esportista. E a Seleção tricampeã em 1970, na Copa do México, também não poderia ficar de fora e será representada pelo longa Brasil Bom de Bola, realizado pelo mítico e saudoso Canal 100, cine-jornal que, nas palavras de Nelson Rodrigues, “inventou uma nova distância entre o torcedor e o craque, entre o torcedor e o jogo. Tudo o que o futebol brasileiro possa ter de lírico, dramático, patético, delirante…”

A relação entre cinema e futebol ainda será tema de um debate, “Bola no Set, Cinema no Campo”, que tem como convidados o jornalista e critico de cinema Luiz Zanin Oricchio (autor do livro “Fome de Bola: Cinema e Futebol no Brasil”); o jornalista e presidente da TV Panorama, Omar Peres; o cineasta Adirley Queirós; o professor e critico de cinema Inácio Araújo; e o diretor do acervo do Canal 100, Alexandre Niemeyer.

Produção contemporânea também marca presença

O futebol ainda é tema de dois médias inéditos programados para a CineOP. Terra Brasilis, Terra de Gols, de Marcos Pimentel (MG) e Fora de Campo, de Adirley Queirós (DF), tratam, cada qual a sua maneira, dessa relação intensa entre o brasileiro e o futebol. “Em Terra Brasilis, o futebol é a marca de brasilidade dos índios, que, apesar de terem assimilado o esporte nacional, praticam seus rituais em um campeonato entre tribos. Já Fora de Campo não concilia nada, mas mostra a dura realidade de jogadores e ex-jogadores da segunda divisão do futebol do DF. Uma visão do operário da bola”, afirma Cléber Eduardo, responsável também pela seleção dos longas e médias da programação.

A grade de médias que vem se firmando como grande destaque da Mostra de Cinema de Ouro Preto, conta ainda com mais quatro títulos: Variante, de Pietro Picolomini e Ester Fer (SP); Zona Desconhecida, de Ariana Chediak (SP); Querida Mãe, de Patrícia Cornils (SP); e Na Trilha do Bonde, de Virgínia Flores, Rodolfo Caesar e Alexandre Fenerich (RJ).

“Foram inscritos este ano 80 médias, com uma enorme maioria de produções independentes. Há filmes claramente pensados para cinema, com ritmo e visualidade mais elaboradas, mas outros têm uma abertura maior para a TV, talvez visando uma venda para esses veículos, mas sem tê-los na produção ou como parceira”, analisa Cléber Eduardo. Esse formato de média, muito associado à televisão, vem tendo uma produção crescente, apesar de marginalizado pelos festivais e pelo circuito comercial, e para tentar entender esse fenômeno será tema de um debate intitulado “Fazendo Média (para onde?)”, com a participação dos diretores selecionados na programação.

Haverá ainda uma sessão especial homenagem com o média Porta do Palco, de Fábio Carvalho (MG), um documentário sobre Júlio Varella, precursor da produção cultural em Minas Gerais, seguida do lançamento do livro “Julio Varella – 50 anos fazendo arte”, de José Carlos Aragão.

Os longas contemporâneos estão presentes com Uma Noite em 67, de Renato Terra e Ricardo Calil, grande destaque da última edição do festival “É Tudo Verdade”, com seu retrato sobre o festival que revolucionou a música popular brasileira; e As Cartas Psicografadas de Chico Xavier, de Cristiana Grumbach, documentário sobre pessoas que receberam cartas psicografadas por Chico Xavier, realizado pela diretora do premiado Morro da Conceição, que terá estreia mundial na 5ª CineOP.

Entre os curtas, diversidade é a palavra chave, com 43 filmes representando produções de Minas Gerais, Ceará, Bahia, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Paraná, São Paulo, Paraíba, Distrito Federal, Goiás, incluindo filmes premiados como Bailão, Dias de Greve e Em Trânsito.

Integra também a programação as já tradicionais Mostrinha de Cinema e a Sessão Cine Escola com exibição de seis longas. A década de 30 vem representada com um dos grandes clássicos do cinema norte-americano, O Mágico de Oz, de Victor Fleming. Já o futebol retorna com Boleiros – Era Uma Vez o Futebol, de Ugo Giorgetti. Completam a programação Xuxa em O Mistério de Feiurinha, de Tizuka Yamasaki, Antes Que o Mundo Acabe, de Ana Luiza Azevedo, Morrinho – Deus Vê Tudo Mas Num é X9, de Fábio Gavião, e Garoto Cósmico, de Ale Abreu.

A programação é oferecida gratuitamente ao público. Além das exibições dos filmes em pré-estreias e retrospectivas, promove Encontro Nacional de Arquivos e Acervos Audiovisuais Brasileiros, debates, Seminário, oficinas, cortejo, exposição, shows, atrações artísticas que ocuparão três espaços ouro-pretanos – o Centro de Artes e Convenções, a Praça Tiradentes e o precioso Cine Vila Rica, fundado em 1957, e ainda hoje uma referência entre as salas de exibição que resistiram ao tempo no interior de Minas Gerais.

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