Fúria de Titãs (2010)
Vergonha de titãs
Por Luiz Joaquim | 21.05.2010 (sexta-feira)
Há dois meses a Fox fez um gol colocando no mercado “Percy Jackson e O Ladrão de Raios”, do craque Chris Columbus. Tratava-se de uma roupagem moderna e cinematograficamente dinâmica para a mitológica história do semideus Perseu, que desafiava os deuses da Grécia Antiga. Os adolescentes multiplexianos agradeceram. Hoje a Warner dá um chutão pra fora com a infeliz refilmagem de “Fúria de Titãs” (Clash of The Titans, EUA). O orginal, realizado em 1981 por Desmond Davis, tinha Laurence Olivier como Zeus e Ursula Andress como Afrodite. Hoje, Zeus é Liam Neeson e Afrodite, Agyness Deyn, sob a direção de Louis Leterrier (mesmo do segundo “O Incrível Hulk”, 2008).
Ver “Titãs” hoje, num mal-ajambrado 3D-Digital criado por Leterrier chega a dar sono, principalmente se considerarmos que a mesma história foi tão bem contada há poucas semanas. À propósito, os efeitos tridimencionais aqui não tem sequer uma única função narrativa. O espectador que tirar os óculos especiais quase não sentirá diferença, a não ser por uma dificuldade em ler as legendas. E só. Até parece que os efeitos 3D vieram apenas como um contraponto à produção da Fox.
Mesmo obedecendo aos preceitos do original de 1981, com cenários e figurinos o mais próximo possível da aventura mitológica grega, o novo “Titãs” empurra diálogos frouxos e risíveis. A dinâmica dos acontecimentos também não agrega valor individual aos problemas enfrentados. No filme, as aventuras não são colocadas como algo a ser refletido e desvendado, mas apenas como uma etapa de um videogame no qual o espectador não segura o joystick. Ainda sobre isso, a estética Leterrier de filmar é a própria estética de um jogo virtual. É visualmente desagradável assistir a uma borrada cena de luta na qual é impossível definir quem está batento em quem. Leterrier abusa de efeitos CGI aqui, e despreza preceitos primários do cinema.
Para quem ainda não conhece a história de Perseu (Sam Worthington, de “Avatar”), “Fúria de Titãs” mostra o momento em que ele se entende um semideus (filho de um Deus, no caso Zeus, com uma mortal). Entre os humanos, Perseu é solicitado para liderar a luta contra os deuses do Olimpo, em particular Hades (Ralph Fiennes, em performance lamentável). Renegado por Zeus, seu irmão Hades é o deus do submundo (inferno) e acredita que pelo medo ira resgatar a adoração dos humanos pelos habitantes do Olimpo. No caminho, Perseu e sua turma encontram escorpiões gigantes, a medusa e o temível monstro Kraken.
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