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Críticas

O Preço da Traição

Novo filme do canadense estreia no Recife

Por Luiz Joaquim | 14.05.2010 (sexta-feira)

“O orgasmo é apenas uma contração muscular na região do clitóris, não há nada de fabuloso nisso”, explica a ginecologista Chaterine (Julianne Moore), para um de suas pacientes que nunca teve um prazer sexual com um parceiro. A conversa acima abre o filme “O Preço da Traição” (Chloe, EUA, Can., Fra., 2009), de Atom Egoyan, hoje em cartaz. E é perfeita para, com tão pouco, situar o espectador a respeito da diferença de perspectiva sobre o sexo que tem a doutora Chaterine contra a do seu marido, o professor de música David (Liam Neeson). Eles estão casados há 20 anos e, enquanto Catherine funciona cientificamente nesse campo, David age com a passionalidade de um artista.

Não se deixe enganar pelo título do filme rasteiramente apelativo batizado pela PlayArte, distribuidora brasileira. Dono de pelo menos uma obra-prima deixada ao cinema – “O Doce Amanhã” (1997) -, o diretor canadense oferece agora mais uma obra com intenção de entender o confuso limite entre o desejo sexual e a afeição sentimental, como fez no primeiro filme que lhe deu visibilidade internacional: “Exótica” (1994).

Na verdade, “O Preço…” é uma refilmagem de “Nathalie X” (2003), dirigido por Anne Fontaine, com Gerald Depardieu e Emmanuelle Béart no papel título. No enredo, David é claramente encantado pela beleza de todas as mulheres, e não consegue evitar de ser gentil com elas. O comportamento estimula as desconfianças de Chaterine a respeito de uma traição.

Após um encontro casual com a prostituta de luxo Chloe (Amanda Seyfried, dona de uma beleza hipnótica), a doutora tem a ideia de contratá-la para seduzir seu marido a fim de testá-lo. Com o plano em ação, as emoções do trio traem a objetividade dos três agentes, sobrando inclusive para o filho do casal. Com o roteiro escrito por Erin Cressida Wilson (de “Secretária”), a situação lembra clássicos do gênero “traição”, como “Atração Fatal” (1987), ou mesmo o recente e ótimo francês “Ao Lado da Pianista” (2006).

Apesar de uma trilha sonora excessiva, que procura expandir uma emoção já bem calibrada no rosto dos atores, “O Preço…” tem muita força na elegância cinematográfica de Egoyan, sempre dando um teor mais que sério ao assunto desejo sexual. Nesse sentido, a jovem Amanda Seyfried (descoberta em “Meninas Malvadas”, 2004, e sucesso em “Mamma Mia!”) nunca foi tão bem fotografada. Sob orientação de Egoyam com seu fotógrafo e parceiro Paul Sarossy, Seyfried desfila na tela como um vulcão de hormônios e melancolia, com curvas bem acentuadas e enormes olhos verdes. Combinação fatal se bem apresentada, como é o caso em “O Preço da Traição”. Seyfried será também vista em breve nos cinemas em “Querido John”.

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