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Críticas

Robin Hood

Robin Hood para presidente!

Por Luiz Joaquim | 14.05.2010 (sexta-feira)

São diversas as obviedades em “Robin Hood” (EUA, 2010), nova aventura criada por Ridley Scott, em cartaz hoje nos multiplex e também título de abertura, há dois dias, do 63° festival de Cannes, na França. O nome do arqueiro que habitou as florestas inglesas ao final do século 12 é mundialmente ligado à ideia do ladrão que “rouba dos ricos para dar aos pobres”. Poderia até ser um santo, se roubar não esbarrasse numa das dez leis divinas. Acontece que, o que Scott nos dá aqui é o Robin Hood – na verdade Robin Longstride (Russell Crowell) – antes de tornar-se um fora da lei.

Nesse sentido, acompanhamos o exímio arqueiro, politicamente inquieto, ao lado de seu rei, Ricardo Coração de Leão (Danny Huston) durante os dez anos de cruzadas que fizeram cair a popularidade da realeza entre seus súditos. Na atual empreitada, contra a França, Coração de Leão e abatido e a coroa vai para seu irmão mais novo, o jovem príncipe João (Oscar Isaac), sempre acompanhado de sua noiva francesa (a linda Léa Seydoux, de “A Bela Junie” e “Bastados Inglórios”).

Logo João torna-se um tirano, enquanto Robin acaba caindo nas graças do maior proprietário das terras de Nottingham (Max von Sydow), pai da viúva Marion (Cate Blanchett) por quem Robin se apaixona. Ajudando o já Rei João na batalha contra os franceses, para depois ser condenado pelo tirano, este Robin Hood de Scott nos chega como apenas mais um filme de batalha com sequencias de duelos ensaiados e coreografados iguais aos já visto numa dúzia de filmes recentes como “O Gladiador” (2000), “Troya” (2004), “Alexandre” (2004), “Cruzada” (2005) e outros menores. No caso de “Robin Hood” este duelos surgem de forma, não há outra palavra, enfadonhos.

Um problema concreto aqui está na definição da ação como única arma de potencia narrativa. Na verdade, a complexidade da situação política na inglaterra dos anos 1100 poderia render ótimos diálogos e conflitos, e não sucumbir, como acontece, com a história de amor entre Robin e Marion, modernamente (e mal) romantizada, dando saudade de sérios filmes medievais como “Conquista Sangrenta” (1985) que também trazem história de amor.

Colocar Marion como uma guerreira com os mesmo atributos de um cavaleiro medieval no campo de batalha, como acontece nesse obtuso “Robin Hood”, também parece soar como uma adequação do roteiro de Brian Helgeland (o mesmo de “Zona Verde”) para que a história soe atual e, por isso, politicamente correta, com a mulher não inferiorizada pelo homem na Idade Média. Impossível um pensamento mais atual e equivocado (ou, mais equivocado da forma aqui mostrada) sobre a idéia da figura feminina que vivia naquele período.

Os atores não precisaram se esforçar aqui no campo dramatúrgico, pois ele é raso. O esforço é mais físico. Bom mesmo é rever von Sydow, aos 82 anos, mais uma vez vestindo um personagem medieval. A vontade é de sair correndo para rever “O Sétimo Selo” (1957).

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