Zona Verde
Bastidores da recente política internacional
Por Luiz Joaquim | 07.05.2010 (sexta-feira)
Um pouco da história recente na política internacional ajuda a degustar melhor o bom “Zona Verde” (Green Zone, EUA, 2010), filme de Paul Greengrass (de “Identidade Bourne”) estreando hoje. Em poucas linhas, podemos hoje dizer que após o 11 de Setembro de 2001, o governo norte-americano precisava rapidinho mostrar ao mundo que iria encontrar e punir o culpado (mesmo que não fosse o culpado realmente). Assim sendo, uma invasão yankee ocorrou no Iraque em 2003 sob a alegação que o ditador Saddam Houssen (1937-2006) estaria escondendo armas químicas e biológicas que ameaçariam a paz mundial (lêia-se norte-americana). O fato é que até hoje esta ameaça nunca foi encontrada nem comprovada, apesar de toda a devassa que os militares fizeram naquela terra.
“Zona Verde” já parte do princípio de que a informação da ameaça foi plantada pelo próprio governo norte-americano para justificar uma invasão ao país no Oriente Médio e assim ter autoridade para desmantelar seu já fragilizado sistema político, e castigando-o publicamente como a resposta para mídia para quem se metesse com os EUA. Nessa briga de gigantes, o ótimo roteiro de Brian Helgeland (de “Sobre Meninos e Lobos”) personaliza a situação na figura do subtenente Miller (Matt Damon).
Miller está no Iraque em 2003 para encontrar as tais armas químicas. Mas eles nunca há nada nos locais das buscas, apesar da localização vir do departamento de inteligência do exército americano. Desconfiado, o subtenente resolve investigar por conta própria a partir de um incidente com o iraquiano Hamza (Said Faraj). Aliando-se a uma agente da CIA (Brendan Gleeson), Miller vai percebendo que os militares não são exatamente os heróis ali, e que um acordo dos EUA com Al Rawi (Fayal Attougui), um dos ex-generais de Saddam, poderia servir de atalho para a paz naquele país.
O único senão no filme de Greengrass é fotografia visualmente incompreensível aos olhos do espectador para as cenas de ações. Particularmente no início e no fim do filme, o fotógrafo Barry Ackroyd põe-se excessivamente na perspectiva de uma militar correndo em plena batalha. O resultado é a nossa impossibilidade de focar em algo na tela. Fechar os olhos é melhor. Em compensação, é estimulante acompanhar a investigação de Miller pelos meandros do roteiro bem amarrado de Helgeland.
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