20º Cine Ceara (2010) – abertura
Costa Rica abre o 20º Cine Ceará
Por Luiz Joaquim | 24.06.2010 (quinta-feira)
Desde que se tornou um festival contemplando obras ibero-americanas (e melhorou), em 2006, o Cine Ceará – que inicia hoje sua 20ª edição, até 1° de julho – talvez nunca tenha apresentado uma seleção de longas-metragens estrangeiros tão volumosa quanto a atual. A priori, o único filme totalmente brasileiro, de um total de oito que dispultam o troféu Mucuripe, é o excelente “Estrada Para Ythaca”, dos cearenses Luiz e Ricardo Pretti, Guto Parente e Pedro Diógenes. “Ythaca” também é o único não-inédito em festivais daqui. Venceu a Mostra de Tiradentes, em janeiro, e exibiu no 12° Bafici, na Argentina.
Ainda como produção brasileira, mas em caráter de co-produção, estão o documentário (o único da lista) “Memória Cubana” (2010, Bra./Cub./ Fra.), de Iván Nápoles e Alice de Andrade (filha de Joaquim Pedro de Andrade); e “El Último Comandante”, (2010, Bra., Costa Rica), de Vicente Ferraz e Isabel Martinez. À propósito, a Costa Rica ganha especial atenção neste Cine Ceará, e já na abertura, logo mais às 19h30, no majestoso Centro Cultural Sesc Luiz Severiano Ribeiro, ou apenas ‘Cine São Luiz’, na Praça do Ferreira, em Fortaleza.
Logo após a homenagem que o evento promove ao cineasta mais internacional e reconhecido do Peru, Francisco Lombardi – aqui no Brasil lembrado pelo ótimo “Pantaleão e As Visitadores” (vencedor de 7 prêmios em Gramado 2000) – a película de abertura será uma inédita obra costariquenha: “Do Amor e de Outros Demônios”. Neste seu primeiro longa, Hilda Hidalgo adapta a obra homônima de Gabriel Garcia Marques sobre a menina Sierva Maria (Eliza Triana) que é mordida por um cachorro raivoso. Antes relegada pela família, ela passa a ganhar, graças a doença, a antenção de seu pai, que busca curandeiros para tirar o diabo de seu corpo. Quando a Igreja entra em cena, surge também um padre que nutre um outro sentimento pela menina.
Os outros longas em competição são “O Último Verão de La Boyita” (2009, Arg./Fra./Esp.), de Julia Solomonoff; “A Mulher sem Piano” (2009, Esp./Fra.), de Javie Rebollo; “Lisanka” (2009, Cuba, Ven., Rus.), de Daniel Diaz Torres; e “Alamar” (2009, Mex.), de González Rubio. Este último, vecendor do Bafici 2010, em abril.
Na competição entre os curtas-metragens, estão dois trabalhos pernambucanos: “Ave Maria ou Mãe dos Sertanejos”, de Camilo Cavalcanti; e “Azul”, de Eric Laurence, que na verdade é cearense, sendo sempre muito bem recebido no Cine Ceará. Concorrem com eles mais 14 filmes, entre os formatos 35mm e digital. Mas, certamente, a sessão de curta-metragem mais concorrida será a do hor-concours “Los Minutos, Las Horas”, da cearense Janaina Marques Ribeiro. “Los Minutos…” é o resulto de conclusão de seu curso da escola de cinema de Cuba e esteve na seleção oficial do Cinefondation do Festival de Cannes, em maio.
Além das exibições competitivas, o evento oferece duas mostras especiais: a “Memórias do Muro” com filmes sobre o que significou o Muro de Berlim e sua queda; e a mostra “Diásporas: As Fronteiras da Identidade”, sobre a idéia do homem refugiado, imigrante, forasteiro num mundo cada vez mais multicultural. O 20º Cine Ceara ainda presta mais três homenagens este ano, com o troféu Eusélio Oliveira, para José Wilker, Patrícia Pilar e Ruy Guerra.
0 Comentários