O Príncipe da Persia: As Areias do Tempo
Nobres na Idade Média cheios de atitudes
Por Luiz Joaquim | 03.06.2010 (quinta-feira)
Se “O Príncipe da Pérsia: As Areias do Tempo” (Prince of Persia: The Sand of Time, EUA, 2010) pudesse ser personificado, o filme seria um garotão descerebrado e inchado de tanto malhar numa academia de ginástica, cujo orgulho é seu viço formal. Do ponto de vista cinematográfico este novo filme de Mike Newell não oferece, rigorosamente, nada de novo, nem de empolgante. Mas, do ponto de vista discursivo, passa um recadinho sobre a contemporãnea política internacional dos EUA, por mais inusitado que isso possa parecer.
Ambientado na Idade Média, o enredo segue os passos de Dastan (Jake Gyllenhaal). Ainda na infância, ele era um maloqueirinho que pertubava nas feiras de rua até que o rei Sharaman (Ronald Pickup) o adota e o cria junto aos dois filhos legítimos. Já adulto, Dastan mostra-se um grande guerreiro (com a ajuda de efeitos digitais CGI) e conquista uma cidade com o objetivo de evitar, segundo informações de seu tio Nizam (Ben Kingsley), tê-la como ameça ao reinado de seu pai por esconder armas de guerra.
Como recompensa, Dastan deverá casar com a princesa da cidade tomada, Tamina (Gemma Arteton, mesma de “Fúria de Titas”, com beleza hipnótica). É claro que em filme dos anos 2000, uma princesa da Idade Média não se comporta como uma princesa da Idade Média, mas como uma mulher emancipada dos anos 2000 – assim como o é a Marion de Cate Blanchett no novo “Robin Hood” (para onde foram as clássicas mocinhas?). Sendo assim, Tamina bate, luta e não se deixa intimidar por bárbaros que poderiam estuprá-la no deserto; à propósito, eles são os personagens responsáveis pelo lado cômico da produção, encabeçado pelo ator Alfred Molina.
Dessa forma, Dastan e Tamina formam o clássico casal lindo que precisa se aguentar até provar que é vítima de um vilão cujo objetivo era apenas conseguir uma adaga com areia mágica que faz voltar o tempo. O casal briga e se maltrata, mostrando-se cada um mais durão que o outro, quando na verdade querem mesmo é trocar beijinhos. Se você viu o moderno “Zorro”, com Banderas e Catherine Zeta-Jones, já entendeu o recado.
O fato é que, só lá no finalzinho, “O Príncipe da Pérsia” explica o golpe do vilão em acusar a cidade da princesa Tamina como uma ameaça por esconder armas (que não existem) e justificar sua invasão. Será que alguém lembra dos argumentos de George Bush para invadir o Iraque?
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