Já imaginaram um 007 sem o charme de um 007? Ele chegou. E chama-se Ron Miller, personagem interpretado por Tom Cruise em “Encontro Explosivo” (Knight & Day, EUA, 2010), filme de James Mangold, e co-estrelado por Cameron Diaz. Aqui, a atriz reforça a idéia de que está, aos poucos, redirecionando sua carreira, antes focado em seu rostinho bobinho e bonitinho das comédias românticas (“Quem Vai Ficar com Mary?”, 1998), para o da menina bonita boa de briga (“As Panteras” 2000, “A Caixa” 2009).

Por mais esforço que faça, Cruise não consegue dissimular um certo ar de bobo, mesmo estando no formato agente secreto misterioso, imbatível e inquebrável como é este seu Ron Miller. Meninas poderão até derreter pelos atos do bom moço que, no início tenta apenas salvar a inocente June (Diaz). Ela, por acaso, foi parar num voo condenado a dar errado em função de outros agentes estarem seguindo Miller. O objeto do desejo aqui é uma bateria que nunca acaba, com potência para iluminar uma pequena cidade. Se a nova tecnologia cair em “mãos erradas”, já viu, né…

É por essa justificativa que a cada perseguição, por ar, terra ou mar, de carro, avião, moto ou barco, Cruise vai destruindo cenários naturais não só nos Estados Unidos, mas também na Jamaica, Áustria e Espanha. Uma das sequências chamariz aqui é Cruise com Diaz numa motoca fugindo de uma manada em plena festividade nas estreitas ruas espanholas. A cena parece acintosa, mas isto é Hollywood.

O molho diferencial em “Encontro Explosivo” é o romance em potencial, que está sempre na iminencia de acontecer, mas nunca se concretiza. Esse jogo seria melhor aproveitado se de fato houvesse química entre Diaz e Cruise. Desse resultado, salva-se a trilha sonora brindada com música do grupo francês GoTan Project, e o vilão Fitizgerald (o bom Peter Sarsgaard, de “Educação). O ator, numa entrevista, revelou que, para compor o perseguidor Fitizgerald inspirou-se no Pepe Le Gambá, da turma de Pernalonga. Sensacional.