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Críticas

O Mundo Imaginários de Dr. Parnassus

O mundo imaginário e autoral de Terry Gilliam

Por Luiz Joaquim | 24.09.2010 (sexta-feira)

Embora “Batman: o cavaleiro das trevas” seja normalmente encarado como o filme testamento do ator Heath Ledger, sua última obra filmada foi “O mundo imaginário do doutor Parnassus”, de Terry Gilliam. O filme entra na Sessão de Arte, exibido domingo (12h10), no Plaza, segunda-feira (19h20), no Tacaruna, e na quinta-feira (20h30), no Boa Vista.

Perceber esse filme a partir da morte de Ledger agrega um tipo de morbidez imprevista na concepção original da obra. Na primeira cena em que Ledger aparece, por exemplo, seu personagem é enforcado, e ao longo do filme ele é alvo de referências variadas sobre morte. A saída de Ledger no meio do filme foi preenchida com interpretações de Johnny Depp, Jude Law e Colin Farrell, que mostram diferentes faces do personagem que surgem no universo paralelo dentro do filme.

Excluindo esse aspecto externo à narrativa, temos mais um exemplar autoral de Terry Gilliam, mais um exercício filmado de seus temas e de suas obsessões visuais. Sua filmografia mostra interesse autêntico por essa região abstrata em que o real convive em harmonia com o espaço imaginário, em que pessoas comuns confrontam as condições imprevistas de uma imaginação em processo constante de criação. No universo de Gilliam, arquétipos do mundo contemporâneo, como empresários e jovens rebeldes, surgem em oposição a bucaneiros e trovadores.

Em “Parnassus”, Gilliam explora o espaço urbano de uma Londres contemporânea, misturada a uma representação lúdica de um circo mambembe. O doutor Parnassus é o líder dessa trupe, e tem mais ou menos 1000 anos. Ele vive a partir de apostas constantes com o trancoso, que concedeu ao doutor a vida eterna como provocação ao seu idealismo, quando se conheceram pela primeira vez. Seu pacto com o demônio inclui letras miúdas, que explicam que se Parnassus perder, sua filha será condenada.

É possível perceber em Gilliam um interesse apaixonado pela narração, pelo ato de contar histórias. A aposta entre Parnassus e o diabo é para perceber quem convence as pessoas com as melhores histórias. É aí que o filme investe em digressões variadas pelo imaginário de Parnassus, um universo de visual estilizado habitado por criaturas estranhas e possibilidades infinitas. Doses variadas de humor e ironia sobre a vida cotidiana se misturam numa narrativa tradicional sobre a importância da família e dos amigos.

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