Muita Calma nessa Hora
Três mocinhas do amor
Por Luiz Joaquim | 12.11.2010 (sexta-feira)
Seguindo a linha burra hollywoodiana em fazer comédia com adultos comportando-se como adolescentes no cio, aporta hoje nos cinemas “Muita Calma Nessa Hora” (Bra., 2010), de Felipe Joffily. A diferença aqui está apenas nas piadas, em tom brasileiro, ou melhor, “carihóóca” de fazer humor. Ela, a piada, vem na forma de um fim de semana em Búzios, Rio de Janeiro, vivido por três amigas de 20 e poucos anos.
São elas Mari (Gianne Albertoni), Tita (Andrea Horta) e Aninha (Fernanda Souza). O que as resume é a insegurança e, claro, a impressão que parecem ter descoberto o sexo só na semana passada. A ida a Búzio, originalmente, seria para Tita passar a lua de mel com o ex-noivo (Bruno Mazzeo). A maior preocupação da moça é, nessa ordem, caber numa calça 36 e transar o máximo que puder, com parceiros diferentes.
Mari, no papel de loira fatal, tenta vender que quer o oposto, ou seja, evitar homens (“são complicados”, afirma), mas na verdade beija, literalmente, um estranho que encontra na rua quando a carência está alta. Já Aninha tem como natureza uma carência infantil. Passa o filme fazendo bico porque as amigas esqueceram seu aniversário.
Há ainda Estrella (Débora Lamm), uma naturalista em busca do pai que a abandonou aos 2 anos de idade. Estrella, antes rejeitada pelas descoladas do “Riieeo de Jhaniêêro”, só passa a ser aceita no grupo quando elas descobrem que a estranha tem um estoque extra de maconha.
Nessa fauna de figuras rasas e de personalidades tão fortes quanto a da gaveta de um armário, encontramos personagens satélites ainda mais deprimentes, como o surfista que, curiosamente, está sempre saindo da água em câmera lenta. Ele tem interesse em Mari (a incubida em repetir a cada meia-hora o bordão-publicitário do filme, “Se liga, faz um 21” ), mas dorme é com a amiga dela, Tita.
Na verdade, ver “Muita Calma Nessa Hora” é encarar um retrato distorcido de uma juventude que é hoje muito mais evoluída do ponto de vista da compreensão de sua sexualidade. No filme, ao contrário, o que vemos são crianças em corpos de adultos com uma irritante limitação em expressar qualquer outro sensação diferente daquela governada pela pélvis. As atrizes, esforçadas, vivem personagens de meia-dimensão. Não sabemos nada sobre elas.
Este filme de Joffily faz lembra, com saudade, de outro filme juvenil brasileiro, feito há 29 anos: “Menino do Rio”, de Antônio Calmon. Ali, o protagonista era um surfista, figura fácil de ser estereotipada, mas o que o Valente, vivido por André di Biasi, fez foi engrandecer essa figura, emprestando caráter e dignidade. De “Menino do Rio” em “Muita Calma…” sobrou apenas o ator Sérgio Mallandro, numa ponta no novo filme, como um tatuador.
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