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Festivais

43o. Festival de Brasília (2010) premiação

Vazamento na internet dos vencedores ofuscou evento

Por Luiz Joaquim | 01.12.2010 (quarta-feira)

Brasília (DF) – Pela primeira vez em suas 43 ediçoes de atividades, o Festival de Brasília do Cinema Brasileiro sofreu um ofuscamento externo durante sua cerimônia de premiação, que aconteceu na noite da última terça-feira (30/11) no Cine Brasília. É que por volta das 22h50 (horário de Brasília) o site de notícias Uol havia divulgado a lista completa dos premiados e, nesse horário, os mestres de cerimônia do evento ainda não haviam iniciado a divulgação dos prêmios oficiais.

Como o auditório estava repleto de jornalista com laptops conectados à internet, a notícia logo percorreu pela sala e chegou ao palco dez minutos depois, na voz de Frederico Cabral, que foi receber o troféu Candango pela montagem do curta-metragem digital “Traz Outro Amigo Também”. Em sua fala, Cabral disse: “Queria agradecer, embora não tenha sido uma surpresa, pois o resultado já está todo no Uol”.

O prêmio de Cabral era o 14º anunciado da noite (e o primeiro oficial). Nas duas horas seguintes, outros 37 prêmios ainda seriam anunciados no palco do Cine Brasília. O que aconteceu dai por diante foi a manifestação da platéia, inclusive contra o próprio Cabral, que voltou ao palco mais duas vezes, pelo roteiro e melhor curta digital. Sob forte e constante vaia Cabral justificou-se dizendo: “Se alguém tem culpa por estragar a noite, não sou eu”.

Mais adiante, já na premiação dos curtas-metragens em 35mm, a produtora brasiliense Andréa Glória, do curta “Braxilia”, vencedor do Candango de roteiro e do prêmio especial do júri, falava exaltada ao microfone, exigindo que o Festival desse uma explicação imediatamente sobre o que havia acontecido. “É uma falta de respeito!”, gritou.

O que se seguiu foi desagradável e constrangedor, com algumas pessoas berrando o nome dos premiados antes dos mestres de cerimônias, como por exemplo, a frase que veio da platéia: “`O Céu Sobre os Ombros` ganhou quase tudo!”. O grito referia-se aos cinco Candângos arrebatados pelo longa mineiro de Sérgio Borges (filme, especial do júri, direção, roteiro e montagem).

Cientes previamente da sua não premiação, muitos concorrentes deixaram a cerimônia antes do final, ficando a sala quase vazia e proporcionando mais constrangimento quando, por exemplo, ninguém da produção do longa “Amor?” subiu ao palco para receber o prêmio concedido pelo júri popular.

Após o anúncio do último prêmio, os mestres de cerimônias do Festival de Brasília convidaram ao palco a assessoria de imprensa do festival para explicar o vazamento. Conforme dito por eles, as informações foram divulgadas para alguns jornais com antecedência em função do horário de fechamento da edição do jornal impresso para o dia posterior (quarta-feira). Mas as informações seguiram sob embargo, ou seja, sob condições de ser publicadas apenas na quarta-feira, não se responsabilizando assim a assessoria pelo vazamento interno entre a a Folha de S. Paulo e site Uol.

Por fim, o produtor Helvécio Marins Jr., grande vencedor por “O Céu Sobre os Ombros”, soltou em tom de desabafo: “Eu não devia, mas vou falar: todo mundo sabe da má vontade do Grupo Folha com o cinema brasileiro”, enquanto sustentava seu Candango.

PERNAMBUCO – Longe dessa balbúrdia, o cineasta pernambucano Felipe Calheiros subiu ao palco e brincou dizendo que receber o prêmio de melhor curta-metragem em 35mm deste Festival, por seu “Acercadacana”, foi mesmo uma surpresa: “Estamos sem internet aqui”, comentou. Felipe fez questão de salientar que “O cinema é um lugar de poder e temos de aproveitá-lo. Não podemos esquecer que 50% do trabalho escravo no Brasil está vinculado a produção do etanol. Quero agradecer a dona Francisca [personagem de seu filme] por representar uma resistência contra isso. E vamos ficar atentos pois o recurso que ela briga pela lei do usucapião será julgado em 2011”, concluiu.

“Acercadacana” também ficou com o Candângo de montagem, para Paulo Sano, enquanto que o curta de Pablo Polo, “Café Aurora”, foi contemplado com o prêmio Vagalume, concedido por integrantes do projeto `Cinema para Cegos`, da Diretoria de Inclusão Sociocultural da Secretaria de Cultura do Distrito Federal.

*Viagem a convite do Festival

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Premiados do 43º. Festival de Brasília do Cinema Brasileiro (2010)

Longa-metragem em 35mm

Melhor filme – “O Céu Sobre os Ombros”, de Sérgio Borges
Prêmio Especial do Júri – Aos personagens/atores do filme “O Céu Sobre os Ombros”
Melhor direção – Sérgio Borges, por “O Céu Sobre os Ombros”
Melhor ator – Fernando Bezerra, de “Transeunte”
Melhor atriz – Melissa Dullius , de “Os Residentes”
Melhor ator coadjuvante – Rikle Miranda , de “A Alegria”
Melhor atriz coadjuvante – Simone Sales De Alcântara, de “Os Residentes”
Melhor roteiro – Manuela Dias e Sérgio Borges por “Céu Sobre os Ombros”
Melhor fotografia – Aluizio Raulino, por “Os Residentes”
Melhor direção de arte – Gustavo Bragança, de “A Alegria”
Melhor trilha sonora – Andre Wakko, Juan Rojo, David Lanskylansky e Vanessa Michellis por “Os Residentes”
Melhor som – Som Direto, Edicão de Som e Mixagem de “Transeunte”
Melhor montagem – Ricardo Pretti, de “Céu Sobre os Ombros”

Curta ou média-metragem em 35mm

Melhor filme – “Acercadana”, de Felipe Peres Calheiros
Prêmio especial do júri: “Braxília”, de Danyella Proença
Melhor direção – Gabriel Martins e Maurilio Martins, de “Contagem”
Melhor ator – Vinny Azar e Ícaro Teixeira, por “A Mula Teimosa e o Controle Remoto”
Melhor atriz – Dira Paes, de “Matinta”
Melhor roteiro – Danyella Proença, de “Braxília”
Melhor fotografia – Yuri Cesar, de “Cachoeira”
Melhor direção de arte – Maíra Mesquita, de “Fábula das Três Avôs”
Melhor trilha sonora – Puriki e índios do alto rio negro, de “Cachoeira”
Melhor som – Som Direto, Edicão de Som e Mixagem de “Matinta”
Melhor montagem – Paulo Sano de “Acercadana”

Curta-Metragem Digital

Melhor Filme – “Traz Outro Amigo Também”, de Frederico Cabral
Melhor Direção – Pablo Lobato, pelo filme “Queda”
Melhor Ator – Emanuel Aragão, por “Só Mais um Filme de Amor”
Melhor atriz – Ketellen Coutinho, por “Tempo de Criança”
Melhor Roteiro – Samir Machado de Machado, por “Traz outros Amigo Também”
Melhor Fotografia – Carol Matias e Elias Guerra, por “Entrevãos”
Melhor Direção De Arte – Daniel Banda, por “O Filho do Vizinho”
Melhor Trilha Sonora – Lucas Marcier, por “Tempo de Criança”
Melhor Som – O Grivo, por “Queda”
Melhor Montagem – Alberto Feoli, por “Traz Outro Amigo Também”

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