O espetáculo no cinema
Câmera clara 228
Por Luiz Joaquim | 20.12.2010 (segunda-feira)
Duas estreias desse final de semana – “Tron: O Legado” e “Aparecida: O Milagre” – fazem refletir sobre o grau de espetáculo visual que o cinema pode proporcionar. Ou ainda, sobre os limites do cinema brasileiro (ou o não-americano), contra a soberania visualmente espetacular que o cinema proporcionado por Hollywood. Não devemos levar o assunto para termos absolutos, entretanto, não é de hoje que so Estados Unidos está na frente em nos proporcionar um deslumbre plástico diante de suas criações audiovisuais. Por um viés de pioneirismo, o cinema de lá esteve sempre a frente quando o tema é criar ou recriar universos imaginários pelos quais o espectador só podia imaginar (ou mesmo, nem imaginar). O próprio “Tron: Uma Odisséia Eletrônica”, de 1982, abriu alas para uma identidade no cinema para seria desdobrado até hoje – vide “Matrix”, vide “Avatar”. Antes de “Tron”, houve “Guerra nas Estrelas” (1977) e, bem antes, havia “2001: Uma Odisséia no Espaço” (1968). Se continuarmos nesse resgate histórico, chegaremos nos anos de ouro (os 1950), com as recriações milionários para épicos bíblicos, romanos, etc., transportando o espetador para uma outra era a qual, até então, só era visualizada por ilustrações em livros de história. Na contramão, quase todo o cinema feito fora de Hollywood tenta, vez por outra, produzir um trabalho tão envolvente, sedutor e lançador de moda quanto o feito em Hollywood. Apesar de termos exemplos interessates, e tão milionários quanto os da América, são filmes que são logo esquecidos, ou lembrados apenas como uma extravagância cinematográfica daquele país. Um exemplo? “O Quinto Elemento”, feito por Luc Besson em 1997 custou 90 milhões de dólares. Rendeu apenas 63 milhões e ninguém lembra mais dele, a não ser pelo fator extravagância. Na filmografia brasileira, é difícil lembrar um trabalho que sugira um universo paralelo e encante o espectador pelo esplendor visual. Talvez esteja para nascer. Estamos na torcida.
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Armorialma
O Cinema da Fundação Joaquim Nabuco está de recesso, mas abre suas portas hoje, às 19h, para o lançamento do curta-metragem de Sandra Ribeiro, “ArmoriAlma de Suassuna”, em co-produção com a Fundaj. Pela sua sinopse, o documentário mostra as origens de nossa cultura com base em suas raízes populares. Intercala depoimentos do próprio Ariano, com Antônio Carlos Nóbrega, Raimundo Carrero, Samico, Jarbas Maciel e outros, para traduzir o espírito do Movimento Armorial. Informações: (81) 3091-9338.
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Tiradentes
Política é o tema da 14ª edição da Mostra de Cinema de Tiradentes. Na verdade é o cinema político brasileiro, não apenas em sua temática, mas também – e principalmente – em sua forma, que será o foco das discussões no evento. A Mostra abre o calendário audiovisual nacional, entre 21 e 29 de janeiro de 2011, na histórica cidade mineira. A expectativa é que o evento atraia um público de mais de 30 mil pessoas através de uma programação com mais de 120 filmes em pre-estreias nacionais e mundiais, seminários, debates, oficinas e atrações artísticas, tudo oferecido gratuitamente ao público.
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Irandhir
O ator pernambucano Irandhir Santos será homenageano na 14ª Mostra de Tiradentes. De 2005, quando estreou em “Cinemas, Aspirinas e Urubus”, o ator, que nasceu em Barreiros (PE), já atuou em dez produções. A Mostra mineira irá exibir os longas “Tropa de Elite 2”, de José Padilha, e “Amigos de Risco”, de Daniel Bandeira, além dos curtas “Azul”, de Eric Laurence e “Décimo Segundo”, de Leo Lacca. Tiradentes também homenageia o cineasta carioca Paulo César Saracene.
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