O Turista
Tentativa de ação e romance
Por Luiz Joaquim | 21.01.2011 (sexta-feira)
A estréia em Hollywood do diretor alemão Florian Henckel von Donnersmarck, conhecido pelo bom “A Vida dos Outros” (Oscar de filme estrangeiro em 2007), entra em cartaz hoje no Brasil: “O Turista” (The Tourist, EUA/Ita., 2010), estrelado por Angelina Jolie e Johnny Depp. Nos EUA, estreou 10 de dezembro. E foi um fracasso. Custou 100 milhões de dólares e rendeu 61. Os números desenham um reflexo de como o espectador médio norte-americano viu o filme: sem entusiasmo.
Na premiação do 68º Globo de Ouro, ocorrida domingo, pelo qual o filme disputava na categoria melhor comédia ou musical, o apresentador, Ricky Gervais, inclusive brincou: “Esse filme só entrou na competição porque alguém quer jantar com Johnny Depp”. O fato é que “O Turista” realmente parece flutuar entre um romance açucarado e um filme de espionagem tentando ser arrojado, com sequências de perseguições de barco e pelos telhados de Veneza.
O resultado é que, nessa aparente confusão de identidade, a produção não propõe ação suficiente (ou no ritmo apropriado) para segurar aquele espectador que gosta de velocidade e explosões, nem tampouco dá sintonia romântica entre os dois atores para o público que busca convincentes juras de amor. Na verdade, “O Turista” é um caso a ser estudado pois falhou a partir de uma fórmula que parecia impossível dar errada já que uniu o galã do momento com a sexy do momento. E ainda os colocou em situações românticas, na cidade do amor, apimentando a trama com uma fuga de gato e rato.
Há, porém, problemas básicos. Além da já citada falta de sintonia entre Angelina e Depp – com ela fazendo caras, bocas e poses, e ele se passando por um cara sério e simples, mas levemente divertido (é um professor de matemática) -, temos ainda um roteiro frágil escrito por Donnersmarck junto a Christopher McQuarrie e Julian Fellows. Nele, há uma reviravolta no final que chega a ser risível após explicações fajutas. O roteiro, à propósito, foi criado a partir do filme francês original “Anthony Zimmer” (2005), dirigido por Jérôme Salle, com Sophie Marceau no papel que foi para Angelina, e Yvan Attal no que veio a ser Depp; com o detalhe que a ação acontece na cidade balneária de Nice, na França mesmo.
No enredo, a misteriosa Elise (Angelina) recebe uma mensagem dizendo para escolher alguém parecido com seu amante num trem para Veneza com o objetivo de despistar a Scotland Yard inglesa (representada por Paul Bettany e Timothy Dalton). A vítima é Frank (Depp), um turista americano de coração partido que desconfia do cortejo da moça mas se deixa por ela levar. Em Veneza, bandidos russos entram em cena para cobrar uma dívida do fugitivo, que eles, claro, confundem com Frank. Arrependida, Elise passa a ajudar Frank e as confusões têm seu início.
De qualquer forma, assistir a “O Turista” oferece duas atrações. Uma é poder ver Veneza e sua beleza em boa fotografia em movimento, e, dois, a oportunidade de ver Depp e Angelina em papeis mais contidos. A baixa rotação das perseguições e o clima desacelerado de Veneza combinam com a performance quase sussurante dessas duas estrelas aqui domadas. É um tempo com o qual não estamos habituados a vê-los. E isso é curioso.
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