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Críticas

Bravura Indômita

Trio parada dura

Por Luiz Joaquim | 11.02.2011 (sexta-feira)

Donos de uma cinematrografia respeitada por todos aqueles que prestam atenção no cinema contemporâneo, quando os irmãos Ethan e Joe Coen anunciaram que levariam às telas uma adaptação de “Bravura Indômita”, romance que Charles Portis havia publicado em 1968 no jornal Saturday Evening Post (virando um best-seller em forma de livro), nasceu também uma grande expectativa. A curiosidade consistia em maior parte porque em 1969, uma primeira versão da história já havia não só tornado filme, mas virado um clássico do western, homônimo, com John Wayne como o herói, sendo acompanhado por estrelas como Robert Duvall e Dennis Hopper.

A outra curiosidade baseia-se exatamente no fato de que, os irmãos Coen nunca rodaram um western. Quando “Onde os Fracos Não Tem Vez” foi lançado, muito se falou em sua estética como digna de um western. Os Coen não desdobram esse comentário, mas eles entendem que só com o novo “Bravura Indômita” (True Grit, EUA, 2011) eles atingiram o desejo de visitar o mais genuíno gênero norte-americano em sua plenitude.

Vendo o filme, entretanto, percebemos que as marcas do westerns não são tão gritantes. O que aparece mais são as marcas no ritmo da narrativa, nos personagens satélites que parecem estar ausentes da ação e da paisagem árida ao redor, e de personagens em conflitos internos.

Mas, ao contrário de trabalhos como “Fargo”, “Queime Depois de Ler”, “Um Homem Sério” e outros, esses conflitos não estão tão claramente estampados na cara da protagonista Mattie (a ótima novata Hailee Stainfeld). Na verdade, pode-se dizer que “Bravura Indômita” seja o filme que menos tenha a cara de um produto da dupla – também roteirista e produtora, junto a Steven Spielberg.

E é assim exatamente porque estes conflitos não têm espaço o suficiente para aparecer ao espectador. O que importa, até quase o final, é a ação. Ação que é dinamizada pela pequena Mattie que, com seus 14 anos de idade vai em busca de Rooster (Jeff Bridges no papel que foi de Wayne). Ele é um veterano confederado, bêbado e conhecido por não poupar os fora-da-lei que caça.

Ela o contrata para caçar Chaney (Josh Brolin), o homem que assassinou seu pai e fugiu para terras indígenas. O filme se passa em 1878, época em que os Estados Unidos ainda não estava totalmente formado e Oklahoma ainda pertencia aos índios. A região acabava tornando uma terra de ninguém para onde os bandidos fugiam.

Na caça a Chaney, junta-se à dupla o “Texas Ranger”, LaBoeuf (Matt Damon, no antigo papel de Glen Campbell). As intenções de LaBoeuf são distintas. Ele quer capturar o bandido e seu grupo liderado por Ned Sortudo (Barry Pepper, no lugar de Duvall) para receber uma recompensa em seu Estado.

Sabe-se que o novo filme é fielmente adaptado do romance, enquanto o primeiro foi apenas inspirado. Nesse sentido, é no novo final, redentor entre Rooster e Mattie, que os Coen mostram suas habilidosas garras na criação da habitual atmosfera em traduzir o íntimo de seus personagens. O que, aqui, só seria possível sendo Mattie uma adolescente, diferente da mulher de 20 e poucos anos que era Kim Darby como Mattie em 1969

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