Malu de Bicicleta
Atropelado pelo ciúme
Por Luiz Joaquim | 04.02.2011 (sexta-feira)
Se considerarmos um projeto cinematográfico como todo um corpo que o envolve, inclusive seu campo publicitário, então é bastante lamentável que um belo filme como “Malu de Bicicleta” (Bra., 2011), de Flávio Tambellini que estreia hoje nos multiplex, seja representado pelo pôster concebido pela designer Ana França que está estampado nos multiplex.
Nele, em primeiro plano, há o cabeção do protagonista Marcelo Serrado, e por trás dele o da atriz Fernanda de Freitas. No outro extremo, sete cabecinhas de outras mulheres amontoadas. Curioso como o tão elaborado trabalho do filme não tenha alcançado seu cartaz.
Começamos chamando a atenção para esse tropeço, na verdade, para contrastarmos com os êxitos deste terceiro longa-metragem dirigido por Tambellini. Apesar de carregar dezenas de experiências como produtor, Tambellini assina como diretor apenas “Bufo & Spallanzani”, 2001, e “O Passageiro, Segredos de Adulto”, 2007.
Nossa defesa quer dizer que não comprem o livro pela capa, ou melhor, não considerem “Malu…” pelo seu cartaz. Isso porque, na tela de cinema será vista uma bem desenhada e interpretada dramaturgia, a partir do livro homônimo de Marcelo Rubem Paiva. Uma história que apresenta o homem contemporâneo enriquecido de detalhes do espírito do que se chamaria de um cafajeste para a transformação em um homem que quer amadurecer.
Uma questão é que o protagonista Luiz Mário (Serrado, bem) está muito enraizado em seu espírito de liberdade e se vê contaminado por um inédito ciúme por Malu (Fernanda, encantadora). Luiz tem trinta e poucos anos e é um mulherengo dono de uma boate paulista. Em viagem ao Rio de Janeiro, conhece Malu quando é atropelado por ela com sua bicicleta. Apaixonado, eles passam a viver juntos, mas sem que ele consiga se entregar totalmente.
Todo o envolvimento do casal é levado em ritmo narrativo redondo, com humor, e boa música, levada pela trilha sonora de Dado Villa-Lobo e canções de Fausto Fawcett.. É, enfim, um filme sério na condição humana que impõe aos seus personagens, estando todos os seus atores bem calibrados (o casal foi premiado no Festival de Paulínia, 2010, assim como o roteiro). Torcemos para que Malu seja um sucesso de bilheteria, apesar de seu cartaz provavelmente assustar os transeuntes dos shopping centers.
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