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Reportagens

Apaga-se a violeta

Morre Elizabeth Taylor

Por Luiz Joaquim | 23.03.2011 (quarta-feira)

Que Hollywood criou seus deuses ninguém duvida mas, vez por outra, somos lembrados que estes deuses também partem e nos deixam órfãos de sua beleza e elegância, como aconteceu hoje com a notícia da morte da atriz Dame Elizabeth Rosemond Taylor, ou melhor, Elizabeth Taylor, aos 79 anos. Liz, como era carinhosamente chamada, faleceu pela manhã, cercada pelos filhos, no Hospital Cedars-Sinai em Los Angeles, onde estava internada há seis semanas por complicações cardíacas.

Já não era de hoje que a saúde de Elizabeth demandava cuidados. Em 1997, a atriz sobreviveu à retirada de um tumor no cérebro para, cinco anos depois, começar um tratamento contra cancêr de pele. Em 2004, Liz descobriu sofrer de insuficiência cardíaca congestiva. Pelo problema, que não bombeia sangue oxigenado suficiente para os órgãos, cria-se uma sensação de cansaço, problemas respiratórios e aumento de peso. Foi nessa ocasião que, numa entrevista histórica, ela declarou não temer a morte. Já vivendo há cinco anos numa cadeira de rodas, por conta da osteoporose, Liz passou em 2009 por mais uma cirurgia, quando substituiu uma válvula defeituosa no coração.

Mas, nada disso apagou da memória dos fãs o espírito combativo e humorado que a atriz apresentava a seu respeito. Mesmo longe das câmeras há 17 anos, quando teve uma participação em “Os Flinstones”, Liz sempre mantinha-se na mídia tanto pelo envolvimento com a ajuda humanitária, quanto pelos seus casos amorosos. No primeiro caso, após a morte do amigo Rock Hudson (1925-1985), colaborou na fundação da Federação Americana de Pesquisa para Aids, além de levantar fundos de 50 milhoes dólares para combater a doença.

No segundo caso, foi marcada por oito casamentos – dois deles com Richard Button (1925-1984), com quem começou um caso polêmico nas filmagens de “Cleópotra” (1963). Em sua trajetória sentimental, Elizabeth parecia naufragar na vida amorosa, normalmente ligada à pessoas confusas ou deprimidas. Com Burton, ela casou em 1964 e viveu ao seu lado por dez anos. Casaram novamente em 1975 e voltariam a separar em 1976. Antes dele, com quem contracenou também em “Quem Tem Medo de Virgínia Woof?” (1966), foi casada com Conrad Hilton, Michael Wilding, Michael Todd (morto num acidente de carro), e Eddie Fischer. Após Burton, Liz uniu-se a John Warner e Larry Fortensky.

Por “Virginia Woof”, Liz levou seu segundo Oscar (antes vencera por “Disque Butterfly 8”, em 1960). Sua performance ao lado de Burton tornou-se inesquecível. No filme, sua personagem é casada com o de Burton. São dois intelectuais de meia-idade que se amam e se odeiam. Numa noite, após uma festa, eles recebem um jovem casal em sua casa que estava na mesma festa. A partir daí, dão inicio a um jogo de sedução e mentiras que resulta numa explosão de depreciações e humilhações.

O filme parecia premonizar a conturbada relação do casal na vida real. Por ocasião de sua união com Burton, Liz estava sempre sob o foco do glamour hollywoodiano, regado a constantes festas. Num momento posterior, a respeito daquela época, a atriz confessaria: “Foi, provavelmente, o momento mais caótico da minha vida. Foi divertido, mas sombrio também, oceanos de lágrimas, mas havia bons momentos também”.

A CARREIRA – Nascida em Londres, em 27 de fevereiro de 1932, de pais norte-americanos, Elizabeth Taylor retornou para os EUA no final da Segunda Guerra. Liz tinha sete anos. E foi ainda na infância que iniciou sua carreira. Graças a um amigo de seus pais, ele foi fazer um teste para o cinema nos EUA e, após algumas participações discretas, ganhou notoriedade por aparecer em “National Velvet” (1944), aos 12 anos, vindo a tornar-se a principal estrela infantil da Metro-Goldwyn-Mayer.

Dez anos depois, Liz já era uma estrela, chamando a atenção do mundo no mesmo ano (1954) em quatro filmes: “Rhapsody”, “Beau Brummell”, “A Última Vez que Vi Paris” e “Elephant Walk”. Ela só reapareceria novamente dois anos depois, para bater de vez seu martelo como estrela em “Assim Caminha a Humanidade”, de George Stevens, no qual contracenou ao lado Rock Hudson e James Dean (1931-1955).

Pelo estrelato e sucesso absoluto com “Cleópatra”, Elizabeth ficará lembrada, inclusive, por ter sido a primeira atriz a receber um milhão de dólares para atuar num filme. Seus fãs, entretanto, a terão sempre na memória pelo seu esplendor e seus desconcertantes olhos cor de violeta vistos também em “Um Lugar ao Sol” (1951), “Assim Caminha a Humanidade” (1956), “O Pecado e Todos Nós” (1957), “Gata em Teto de Zinco Quente” (1958), “De Repente no Último Verão” (1959) e em muitos outros filmes.

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