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Festivais

Homenagem a Sagatio (1999)

Sagatio lembrado no 3° Cine-PE

Por Luiz Joaquim | 02.03.2011 (quarta-feira)

É apenas seu terceiro ano de existência, e o Festival de Cinema Nacional do Recife, que segue até 21 de março no Centro de Convenções, quer mostrar que pode ser o maior e melhor do país. Como exemplo do empenho do seu coordenador, Alfredo Bertini, para atingir esse fim, a festa não está restrita a mostra competiva de longas e curtas-metragens. São vários os eventos correndo por fora das exibições noturnas do Festival.

Dentre as novidades prometidas pela Kelner Empreendimentos Ltda, estão algumas homenagens, distribuídas por categoria, as pessoas ligadas, direta ou indiretamente, ao cinema brasileiro. Na Homenagem Principal, dedicada às mulheres, está confirmada a presença das atrizes pernambucanas Geninha da Rosa Borges e Luiza Phebo. Na Homenagem Especial, o Ministro Sérgio Motta será lembrado por sua colaboração na retomada da produção do cinema nacional. A terceira categoria é dedicada aos que ficam por trás das câmeras. A Homenagem Técnica, irá contemplar Edna Fujii, da produtora Quanta, e o Iluminador João Sagattio.

Considerado como a maior referência profissional no estado em técnica de iluminação, Sagattio é um paulista residindo há seis anos em Olinda. Com mais de quatro décadas trabalhando no ramo, ele vê com bons olhos a atual situação de produções cinematográficas em Pernambuco. Foi confiando na sua experiência e intuição que, em pouco tempo, resolveu investir numa locadora de equipamentos de iluminação. A “Pirâmide” já funciona há seis meses na rua do Lima..

HISTÓRIA – Sagattio começou servindo cafezinho naquela que tinha a pretensão de ser a Hollywood brasileira, a produtora Vera Cruz. Toda sua família estava envolvida com a sétima arte quando, ainda jovem, freqüentava os corredores do estúdio paulista. Foi também num set de filmagens que iluminou (de “Pixote – A Lei do Mais Fraco”), onde veio a conhecer aquela que se tornaria a sua esposa, a figurinista do filme de Babenco, Carminha Tabosa.

Entre dezenas de filmes que ajudou a construir, ele lembra com justo orgulho de “O Pagador de Promessas”, de Anselmo Duarte, vencedor, em 1962, do maior prêmio artístico que um filme possa receber no planeta: a Palma de Ouro em Cannes. Mais recentemente, Sagattio foi convidado por Rodolfo Sanches, produtor de “Boleiros” (que será exibido no Festival, na Mostra Futebol), para participar do filme de Ugo Giorgetti.

Quanto às produções pernambucanas, é difícil indicar aquela em que o iluminador não esteve envolvido. Além de participar do já clássico “O Baile Perfumado” de Lírio Ferreira e Paulo Caldas e “Simião Martiniano – o Camelô de Cinema” de Clara Angélica e Hilton Lacerda, Sagattio também esteve presente em “Cachaça”, de Adelina Pontual; “Circo Vicioso” de Renata Nascimento e Luciana Rondon e “Clandestina Felicidade” de Beto Normal e Marcelo Gomes. Deu sua colabaração técnica também para o filme paraibano “A Árvore da Miséria”, de Marcus Vilar, premiado como melhor curta de ficção, e melhor fotografia na edição do Festival no ano passado.

Em setembro último terminou as filmagens, do curta em 35 mm, “Eu Sou o Servo”, do produtor paraibano Durval Leal Filho. Depois trabalhou novamente com Adelina Pontual no curta “O Pedido”, e no documentário “Vitrais” de Cecília Araújo. Os três curtas encontram-se em processo de pós-produção e não participam da mostra competitiva do Festival.

DIFICULDADES – Embora otimista, o paulista ainda vê dificuldades no “fazer cinema” no estado. A falta de estrutura e apoio financeiro são as principais causas da irregularidade nas produções locais. “É preciso criar em Pernambuco um polo cinematográfico, só assim haverá contínuas produções e uma maior profissionalização da área. Além disso, fazer cinema custa muito; sem incentivos não há como fazer um trabalho técnico de qualidade”.

Conforme Sagattio, se aqui em Pernambuco existe apenas uma lâmpada para substituição em cada refletor HMI de última geração (de valor em média de US$ 25 mil e com o custo de aluguel diário de R$ 200,00), em São Paulo existem dez lâmpadas como reserva técnica. “Lá o técnico trabalha mais tranqüilo e, consequentemente, rende melhor”

Diante desse cenário, Sagattio revela que muitos dos filmes locais acontecem por conta da amizade e da fome de fazer cinema que predomina nessa nova geração de pernambucanos. Algumas vezes ele só cobrava o aluguel do equipamento. O trabalho de operação ficava por conta da camaradagem.

Apesar dessa precariedade, o iluminador diz que já é possível, em algumas especificações, viver do áudiovisual em Pernambuco. “Trabalhos estão sempre surgindo. Já existem 10 ou 12 produtoras de comerciais locais e sempre chega gente de outra parte do país aproveitando a mão-de-obra regional para fazer algum documentário”.

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