X

0 Comentários

Críticas

Invasão do Mundo: Batalha Los Angeles

Os militares americanos salvam a Terra, mais uma vez

Por Luiz Joaquim | 18.03.2011 (sexta-feira)

Parece até uma piada de mal gosto a Columbia Pictures ter lançado nos EUA “Invasão dos Mundos: Batalha Los Angeles” (Battle Los Angeles, EUA, 2011), de Jonathan Liebesman, três dias antes do quarto maior terremoto já registrado no mundo ter abatido o Japão e deixado mais de 3,7 mil mortos e 8,2 mil ainda desaparecidos por lá (até ontem contabilizados). A piada sem graça é contada a partir de hoje no Brasil, em centenas de cinemas no território nacional.

A situação nos remete a um outro caso, referente a uma outra catástrofe contra a humanidade. Foi há dez anos, por ocasião do ataque terrorista em 11 de setembro de 2001. A Warner Bros, tinha naquela mesma semana, o plano de colocar nos cinemas o filme “Efeito Colateral”, no qual Arnold Schwarzenegger é um bombeiro que resolve, por conta própria, acerta sua vingança com o terrorista que lhe tirou a esposa e o filho. Diante da comoção mundial pela tragédia das Torres Gêmeas de Manhattan, o estúdio adiou a estreia por cinco meses.

Hoje, entrando numa sala para ver “Invasão dos Mundos”, a patriotada presente na postura dos militares norte-americanos soa patética, enquanto ainda ecoa em nossas cabeças não só as informações tristes sobre o vazamento nuclear no Japão, como também ainda estão na nossa retina as imagens assustadoras (e reais) do poderoso terremoto e tsunami que transformaram o pequeno país asiático.

Mas, de volta a “Invasão dos Mundos”, 100 milhões de dólares foram gastos para criar (mais) uma bélica invasão alienígena sobre a Terra, local desta vez cobiçado pelos ETs por nossa água, para depois eles sucumbirem a soberania militar norte-americana.

Sim, o ponto de vista aqui é o do capitão Michael (Aaron Eckhart), prestes a se aposentar e vivendo assombrado pela ideia do fracasso, uma vez que perdeu “seus homens” num antigo campo de batalha e se culpa por isso. Mas, mesmo desacreditado pelos seus “novos homens”, é esse mesmo Michael, claro, que será a figura chave para salvar Los Angeles (e o mundo?) dos alienígenas.

Tudo o que havia para se falar do enredo já foi dito, o que vem no entorno, e nos faz ficar por 116 minutos escutando explosões incessantes e incoerentes ordens de comando aos berros dada por Michael e “seus novos homens” serve apenas para dourar o conceito medíocre do filme – e não estamos falando apenas do argumento, mas também dos efeitos especiais ordinários, no sentido de comuns. Tão comuns que a sensação é a de que qualquer jovem esforçado em informática nos dias de hoje parece ser capaz de realizá-los.

Do ponto de vista ideológico, algo nos faz pensar. Sendo a água o interesse dos alienígenas, eles invadem o mundo pelas cidades litorâneas. E em pouco tempo todas as cidades importantes do mundo já foram tomadas. Nos EUA, os ETs chegam por Santa Mônica, no estado da Califórnia, e depois seguem para Los Angeles.

Michael e “seus homens” percebem isso e mesmo depois de resgatarem civis numa Santa Mônica totalmente devastada, eles vão a Los Angeles para lutar contra os Aliens, pois para eles “recuar, jamais”, principalmente quando o que se tem a perder é Los Angeles. “Invasão dos Mundos” está menos para um filme de entretenimento e mais para um filme institucional enfadonho sobre o pretenso poder de fogo e soberana inteligência militar dos Estados Unidos da América. É aviltante.

Mais Recentes

Publicidade

Publicidade