VIPs
As muitas caras de Wagner
Por Luiz Joaquim | 25.03.2011 (sexta-feira)
Recife pode virar um fenômeno, no circuito comercial brasileiro, dentro da história de freqüência de público para o filme “VIPs” (Bra. 2011), de Toniko Melo, que estreia hoje. Isso porque seu protagonista é uma figura bastante conhecida da sociedade local. Encarnado por Wagner Moura, ele é uma representação do personagem real Marcelo Rocha, um paulista lembrado como o trambiqueiro que se fez passar no Recife por Henrique Constantino, filho do dono da empresa aérea Gol, em outubro de 2001.
As próprias imagens de abertura de “VIPs” são um convite ao pernambucano a ir à sala de cinema. Nelas, vemos imagens aéreas da Avenida Guararapes durante o Galo da Madrugada. Quem as olha, excitado de um helicóptero, é Wagner na pele de Marcelo, cujo maior golpe foi mesmo se passar pelo empresário durante o extinto Recifolia, carnaval antecipado, então promovido pela prefeitura da capital pernambucana.
Em “VIPs” há um pequeno ranço publicitário estético que distrai o espectador do foco. Na verdade um foco não tão claro que ora parece vitimizar a malandragem do Marcelo, ora parece evocá-la. O que há de muito bom é a presença de Moura, comprovando cada vez mais ser um dos melhores de sua geração.
Como prova disso, talvez a grande resposta esteja nas sequências em que apresentam o jovem Marcelo, mostrando-o ainda um adolescente. Nelas, Wagner aparece com uma peruca esquisita mas que, aos poucos, vamos esquecendo-a, tudo pela força performática do ator.
Na verdade, é a sua versatilidade camaleônica que impressiona aqui pois, em sua participação, encarna Marcelo por cerca de dez anos. E o melhor, cuidando de características próprias da adolescência e outras posturas próprias de um adulto.
É a ele que se deve o mérito de seu Marcelo mostrar-se dúbio, e nós deixar em dúvida, pela sua sanidade. Uma seqüência síntese disso está naquela em que o personagem se fita no espelho como que a procurar uma resposta para quem realmente é Marcelo Rocha. O filme saiu como vencedor do prêmio do júri no Festival do Rio 2010.
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