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Festivais

37o. Sesc Melhores (2011) – debate

A crítica discute sua função e identidade

Por Luiz Joaquim | 12.04.2011 (terça-feira)

SAO PAULO (SP) – Como parte da edição do 37a Festival SESC Melhores Filmes 2011, organizado pelo Sesc-SP, que segue exibindo até o final de abril 42 filmes de 2010 escolhidos pela critica e pelo público, aconteceu, na noite de sexta-feira, o segundo encontro da critica de cinema para o debater o papel da critica na formação do olhar e suas implicações sobre a carreira de um filme.

A jornalista Maria do Rosário Caetano, da Revista de Cinema, mediou o debate composto pelos profissionais Luiz Zanin Orrichio, de O Estado de São Paulo, Neusa Barbosa, do site Cineweb, João Sampáio, do jornal baiano A Tarde, e este que aqui escreve para a Folha de Pernambuco.

A partir de uma indagação de uma internauta, Rosário questionou se os convidados concordavam que alguns críticos parecem assistir os filmes com dor de dente e outros parecem apenas querer se afirmar, vêem o filme com preconceito e sempre escrevem textos ranzinzas.

Em sua resposta, Neusa Barbosa disse que sim, “às vezes vemos filmes com dor de dente, mas ao longo da vida profissional a gente aprende a abstrair qualquer distração e avaliar o filme. Agora… isso do critico que quer se afirmar acontece, mas é algo que passa, tem a ver com a inexperiência”. João completou lembrando que nenhum crítica de cinema ganha bem, “o que se faz é uma exercício de amor pelo cinema”.

Rosário também leu um recente entrevista do cineasta alemão Werner Herzog em que diz nunca ter sido influenciado pela critica, e que uma boa critica não melhora um filme pois o discurso sério vem sendo substituído pelo culto à celebridade.

Neusa discordou dizendo que muito vezes, ao ler uma crítica, o diretor descobre coisas novas. E citou Beto Brant como um exemplo confesso. Para João Sampaio, é preciso primeiro definir o que é hoje uma crítica. “Por circunstâncias do veiculo, o texto sai não só no formato de um conteúdo critico, mas sai também reportagem”, lembrou.

Reforçamos a questão levantada sobre a identidade da crítica destacando que ela também existe em seu perfil acadêmico. “Em 2002, houve um debate como esse em Curitiba, e o pesquisador Ismail Xavier falou sobre a diferença do trabalho que se faz no jornal diário o trabalho na academia. Nas redações, o foco é outro, e na universidade o processo de reflexão é mais extentido com o objeto de pesquisa, os textos são visto e revisto, e no futuro servem de fonte de pesquisa”, ressaltamos.

E continuamos, “ os textos de jornais também são fonte de pesquisa. Isso porque assim como a arte, a critica é um produto do contexto em que ela vive, mas é um contexto tão orgânico e dinâmico que a gente nem percebe que está transformando esse contexto. Aí é preciso tempo pra percebermos a força desse interdependência entre cinema e a critica”, concluímos.

Zanin chamou a atenção para o fato de que alguns realizadores não tem contato com outras cinematografias, “é o tipo de postura de gente que não tanto interesse na interlocução entre o seu trabalho e os outros”, disse. Já sobre a praga do culto da mídia pela celebridade: “isso é uma verdade”.

“O fato é que o jornalismo cultural está em crise de identidade. É um problema de ordem maior. Ele não sabe pra onde vai, como enfrentar a internet, se a imita, não sabe se investe em sua particularidade, que é se aprofundar nos assunto, não sabe pra onde ir. E isso ta gerando um momento de paralisia da critica cultura. É uma crise mais profunda”, pontuou.

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