7o. CineEsquemaNovo (2011) dia 5
Bons filmes, público pequeno
Por Luiz Joaquim | 28.04.2011 (quinta-feira)
PORTO ALEGRE (RS) – A julgar pelas sessões promovidas até ontem (quarta-feira, 27) na 7a edição do CineEsquemaNovo: Festival de Cinema de Porto Alegre (CEN), o evento tem se mostrado carinhosamente organizado, oferecendo uma programação azeitada, em salas confortáveis. Mas um desafio gigantesco parece se colocar a frente das futuras edições do CEN: a freqüência de público.
Pode-se dizer que apenas uma pequena parte da platéia que acompanha as sessões não está relacionada ao próprio evento, tais como realizadores, convidados, etc. O que é uma pena, se consideramos a belíssima oportunidade que o evento dá aos gaúchos de entrar em contato com ótimos filmes como os do programa “Transmediale”, festival de arte e cultura digital vindo direto de Berlim para exibir no cinema (um antigo cofre) no prédio do Santander Cultural.
A seleção do “Trasmediale” é a prova de que, sim, a mídia digital ainda oferece infinitas possibilidade de reflexão social e humana pela sedução da imagem, mas só se combinada com profundo conhecimento de ferramentas audiovisuais e do tema que você se propõe a registrar. Três ótimos exemplos, dos oito curtas exibidos, são “Depois do Império”, de Elodie Pong (Suíça), “Projeto Hipnótico”, de Doug Fishbone (UK), e “Rip in Pieces America”, Dominc Gagnon (Canadá).
No primeiro, Pong contrapõe diálogos entre Marilyn Monroe com Karl Marx, entremeado por frases ditas por Elvis, Batman e Robin, entre outros, para ressaltar o que sobra de válido do caldo entornado pela indústria cultural. Na hipnose do segundo, uma platéia reage à uma enorme sequência de imagens enquanto ouvimos um profundo e lúcido texto sobre a relativização de o que é a verdade. O terceiro, por um resgate de imagens banidas da internet, vemos dezenas de norte-americanos anunciando o caos da sociedade naquele país, incitando o armamento individual para salvar sua própria honra. Absolutamente assustador.
Com exceção de “Walter”, de Pedro Henrique Ferreira, feito a partir de um sonho de Hernani Heffner (Diretor de Conservação da Cinemateca do MAM-RJ), tendo Walter Benjamin nos dias de hoje no interior do Rio de Janeiro, a competição de curtas da quarta-feira foi marcada por filmes que, pelo equilíbrio da edição na administração de seu conteúdo, ia conquistando o espectador aos poucos.
Em “Caos”, de Fábio Baldo (SP), uma exata composição técnica mostra um homem ajudando o outro em sua determinada decisão de fundir-se à natureza. Em “Raimundo dos Queijos”, um filme Alumbramento, do cearence Victor Furtado, o próprio Victor observa a poesia e a leveza da vida num bar ao domingo, entendendo que o tempo é relativo ali. E em “As Aventuras de Paulo Brusky”, Gabriel Mascaro seduz pela plástica da plataforma digital ‘Second Life’ justamente para apresentar as idéias do artista plástico que dá titulo ao filme.
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