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Festivais

7o. CineEsquemaNovo (2011) noite 3

Uma questão de (auto) imagem

Por Luiz Joaquim | 28.04.2011 (quinta-feira)

PORTO ALEGRE (RS) – Com sessões dividida em três espaços da capital gaúcha – a Sala P. F. Gastal (mostra competitiva), o Cine Bancários e no Santander Cultural (mostras paralelas) – o 7o CineEsquemaNovo: Festival de Cinema de Porto Alegre (CEN), retorna, depois de um ano interrompido (2010), ao difícil trabalho de atrair a cinefilia porto-alegrense à reflexão critico-cinematográfica.

Para isso oferece uma programação caprichada, dando, na sua seleção competitiva, um panorama do que há de mais corajoso do ponto de vista da estética e da linguagem do cinema sendo feito hoje no Pais. Dentro desse recorte, a estrela na noite de segunda-feira foi o pernambucano “Pacific”, documentário (?) de Marcelo Pedroso.

Mesmo tendo sido lançado há um ano e meio, a produção continua gerando incansáveis discussões sobre a condição humana nos dias de hoje; que é intermediada pela cultura instantânea do audiovisual mediando clássicas questões humanas de sociabilidade – como vaidade, carência afetiva e reconhecimento pelo outro. Isso sem falar no desdobramento linguístico que o genial dispositivo bolado por Pedroso nós permite fazer a partir da construção de seu “Pacific”.

No debate após a sessão na P. F. Gastal, questões como a idéia de você depender do outro para ‘existir’, e nesse sentido, a sua aparência ser vital nesse processo, foram abertas para discussão. “Pacific” deu margem, por aqui, para salientar como o olhar do outro valida sua própria existência. “Isso, de uma relação de se construir pelo olhar do outro, é anterior a esse momento, mas o que acontece hoje é que isso está pontecializado pela constante presença de câmeras”, apontou Pedroso.

Da platéia, alguém pontual que “Pacific” funciona como uma síntese de como o brasileiro lida com o audiovisual. Pedroso lembrou que a TV dita um modo de vida e estamos tão impregnados com isso que, ao alguém pegar uma câmera para fazer sua imagem, a tentativa é a de fazer igual, para acessar um imaginário plantado. Uma grande questão, “ainda aberta para mim”, disse o realizador, “é como ‘Pacific’ pode suscitar criticas a esse mundo sem macular os personagens mostrados ali, que são pessoas reais e legítimas na sua expressão”, concluiu.

O certo é que Pedroso tem uma tarefa difícil pela frente, realizar um novo trabalho tão forte ou melhor que “Pacific”, pois este deve lhe render, no mínimo, mais cinco anos de inquietações mundo afora. Na mesma segunda-feira, mais cedo, o CEN também exibiu o pernambucano “My Way”, curta-metragem de Camilo Cavalcante. Amanhã (27), às 19h, concorre “As Aventuras de Paulo Brusky”, curta de Gabriel Mascaro.

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