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Críticas

As Mães de Chico Xavier

Para acalentar as mães

Por Luiz Joaquim | 01.04.2011 (sexta-feira)

A produtora cearense Estação da Luz promoveu, há três anos, um fenômeno chamado “Bezerra de Menezes: Diário de Um Espírita”. Um filme sobre o médico, também cearense, e propagador da doutrina espírita no Brasil em pleno século 19. Dirigido por Joel Pimentel e Glauber Filho (que não é filho de Glauber Rocha), a produção nasceu como um trabalho por encomenda para divulgar o legado de do cinebiografado, e na tela ganhou Carlos Vereza como interprete.

O resultado disso foram a corrida de centenas de milhares de pessoas lotando os cinemas do Pais e a posterior descoberta do mercado cinematográfico de um novo filão, que já tem até nome: o ‘cinema transcendental’. Por ele, outros sucessos de público vieram à tona com ainda mais êxito de bilheteria: “Chico Xavier: O Filme” (3,4 milhões de pagantes) e “Nosso Lar” (4 milhões).

A despeito do que especialistas dizem sobre a qualidade cinematográfica destas obras, até o momento, estes números parecem dar um recado bem simples e direto aos produtores, exibidores e críticos de cultura, ou seja: o cinema ‘transcendental’ brasileiro tem seu público fidelíssimo.

Não que “As Mães de Chico Xavier” tenha um elenco frágil. Pelo contrario, desta vez os produtores do Estação da Luz, embalados pelo sucesso de “Bezerra de Menezes…”, trabalharam com mais conforto, por um orçamento em cerca de R$ 5 milhões (mais que o dobro do anterior), e garantiram nomes como o de Vanessa Gerbelli, Tainá Muller e Via Negromonte (como o trio de mães protagonistas), além de Herson Capri, Gustavo Falcão, Daniel Dias da Silva e Caio Blat (que esteve no filme anterior). E, claro, o mais importante, Nelson Xavier, pela segunda vez na pele do médium.

É graças a estes nomes que a frágil estrutura dramática do enredo, e como ele é conduzida, que “As Mães de Chico…” não é um desastre absoluto. Na verdade, é preciso destacar como Blat, Muller e Gerbelli impressionam na performance com os diálogos que têm para desenvolver seus personagens. Dentre todos, entretanto, Nelson é certamente o mais magnético.

O ator venceu o desafio de dar (boa) continuidade ao personagem que já havia explorado bem na produção de Daniel Filho. E isto, diga-se, com o novo filme de Glauber Filho e Halder Gomes não oferecendo o mesmo esmero dramatúrgico do sucesso de 2010.

De qualquer forma, o público alvo pode se emocionar com os três núcleos dramáticos de “As Mães de Chico…”. Num, o casal Ruth e Mário (Negromonte e Capri), precisam decidir sobre a vida do filho drogado (Dias da Silva), noutro Lara (Muller) precisa resolver se leva adiante o aborto ou não, uma vez que o pai (Falcão) da criança estará ausente; e no terceiro, Elisa (Gerbelli) tenta administrar a perda do filho de cinco anos. Unindo todas elas, está o médium, acalentando-as com sua paz de espírito.

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