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Entrevistas

Entrevista: Geraldo Pinho (Apolo)

Em 2000, Geraldo Pinho assume programação do Cine Apolo

Por Luiz Joaquim | 23.04.2011 (sábado)

Amanhã o Recife ganha mais uma sala de cinema. O Cineteatro Apolo faz parte do projeto Apolo-Hermilo Centro de Formação e Pesquisa das Artes Cênicas, da Fundação de Cultura da Cidade do Recife. O responsável pela programação do Cine Apolo é o diretor-adjunto de cinema do Cineteatro do Parque, Geraldo Pinho. Nesta entrevista, Geraldo fala do perfil que vai imprimir para o primeiro cinema no Bairro do Recife; dá detalhes do equipamento no novo espaço; comenta sobre o circuito alternativo do Recife e revela detalhes da revitalização do Cineteatro do Parque.

Qual proposta de programação do Cinema Apolo?
Geraldo Pinho – Inicialmente vamos suprir a ausência do Cinema do Parque, que permanece interditado para revitalização. Quando o Parque voltar, o Apolo vai funcionar complementado a linha de filmes que costumamos exibir por lá. O importante é que o circuito alternativo será fortalecido, com uma nova sala de 280 lugares. A única na cidade com o balcão superior aberto, vale salientar. Existe uma geração inteira que nunca viu um filme do balcão. Todo o espaço sofreu uma adaptação para funcionar da melhor forma. Tanto como teatro, tanto como cinema.

Quais as especificações do equipamento de cinema da nova sala?
Tivemos de adaptar tudo. Os equipamentos são novos. A tela tem 8 x 3 metros de dimensão. O projetor foi desenvolvido pela JR Engenharia de Cinema, de São Paulo, que também é responsável pela projeção do Festival de Cinema do Recife. A parte mecânica do projetor é da marca italiana Victoria, a mesma usada em multiplex. O sistema de som é dolby analógico, tipo CP45. E teremos oito caixas JBL circundantes. Quatro embaixo e quatro no balcão. Temos um subwoofer e três outras caixas centrais. É uma tecnologia básica para os dias de hoje que atende qualquer cinema, com o detalhe que a acústica do Apolo vai nos favorecer bastante.

De onde veio os recursos para adquirir a maquinaria?
O equipamento foi bancado pela Fundação Roberto Marinho que está vinculado à Fundação de Cultura da Cidade do Recife (FCCR) na execução do projeto Apolo-Hermilo Centro de Formação e Pesquisa das Artes Cênicas.

Quem será o responsável pela programação do cinema?
O centro é administrado por um conselho da FCCR. Eu sou o diretor-adjunto de cinema do Parque e agora acumulo a mesma função no Apolo, com liberdade para definir o perfil da sala.

Em que dia da semana acontece as estréias no Apolo?
Na segunda-feira. O filme continua na terça e quarta, com três sessões diárias, iniciando às 15h30. No domingo, serão duas sessões. A primeira é às 14h.

Porque não começar na sexta-feira?
Primeiro é preciso apresentar o cinema ao público. Principalmente ao freqüentador do Bairro do Recife. Esta localidade tem, diariamente, cerca de três mil pessoas trabalhando e circulando por aqui. Só depois vamos saber que caminho seguir, podendo até colocar sessões de 23h na sexta e sábado. Apesar da experiência de sete anos no Parque, tenho que fazer experimentos no Apolo, que é diferente do cinema da rua do Hospício. Vamos definir com o tempo

Qual a principal diferença dos dois cinemas?
A localização do Apolo é privilegiada. Estamos num dos lugares mais seguros da cidade. Temos mais espaço para estacionamento. O tamanho da nova sala é pequeno, em relação ao Parque, mas está nos mesmo padrões de uma sala moderna.

Quanto vai custar o ingresso de cinema no Apolo?
Inicialmente teremos um preço único promocional de R$ 2 . Depois o cinema deverá cobrar os mesmos valores do Cinema da Fundação.

Haverá alguma outra atividade ligada a cinema além da projeção de filmes?
Logo na inauguração, vamos vender o livro Cinema Pernambucano: Um História de Ciclos, do professor Alexandre Figueirôa. Haverá um cafeteria funcionando nas proximidades e pretendemos, posteriormente, oferece oficinas de cinema. A linha prioritária é formar não só público, mas também iluminadores, técnicos, cenógrafos etc.

Como está a força do circuito alternativo no Recife?
É um dos mais fortes do Nordeste. Somando todas as sessões do Parque e do Cinema da Fundação num período de uma semana, oferecemos 12 mil lugares. Agora teremos mais três mil lugares com o Apolo. E o melhor é que a programação dessas salas é alternativa entre si. O tipo de filme exibido na Fundaj é um, o do Parque outro e o do Apolo será de uma terceira característica. Isso é um ganho. O mercado alternativo de cinema do Recife deu mais de 130 mil pessoas em 1999.

Que novidade o Apolo trará na programação?
Pretendemos trazes mostras e atuar junto ao Festival de Cinema do Recife. A partir de agosto, nas manhã de quinta e sexta-feira, devemos colocar o cinema à disposição da rede municipal de ensino. Esse é um projeto em conjunto com a secretaria de educação. Para esse caso, serão dois tipos de programação. Uma colocando as crianças de subúrbios em contato pela primeira vez com o cinema; e outra servindo como complemento do conteúdo programático da escola.

A programação comercial está definida?
A de julho sim. Dia 10, abrimos com O Rap do Pequeno Príncipe Contra As Almas Sebosas, de Paulo Caldas e Marcelo Luna; precedido pelo curta O Pedido, de Adelina Pontual. Dia 17, passamos Nenhum A Menos, de Zhang Yimou. Dia 24, Regras da Vida, de Lasse Hallstrom. A Eleição, de Alexander Payne, entra dia 31.

O vínculo do Cineteatro Apolo com a Fundação Roberto Marinho (FRM) vai dar mais liberdade montar a programação junto às distribuidoras distribuidoras?
Talvez, mas por enquanto vou contar com minha experiência de contatos que ganhei a partir do Parque. A FRM deverá oferecer filmes para exibirmos. Eles fazem captação de recurso e volta para a produção de filmes. Mas quero trabalhar com todas as distribuidoras e a fazer associação com embaixadas. Uma curiosidade: o parque vem exibindo cada vez menos título por ano. O mesmo filme fica em cartaz por duas, três semanas. Enquanto antigamente o média era de um filme por semana. A inauguração do Apolo desafolga o Parque. Os filmes que deixo de exibir lá, podem vir para a nova sala.

Quando o Cineteatro do Parque volta a funcionar?
Todo o prédio está passando por um trabalho minucioso e artesanal de revitalização que não deve deixar o cinema pronto antes de outubro. Uma adaptação na estrutura arquitetônica está sendo feita para a climatização do ambiente. Esse processo é demorado porque não podemos descaracterizar a construção. As portas e venezianas terão uma película. Haverá vitrais nas colunas da parte superior. Todas poltronas foram para fábrica em Curitiba para passar por uma recuperação. O piso está sendo trocado, os banheiros estão sendo modificados, juntamente com o camarote e o jardim. Há intervenção em quase todos os ambientes do prédio, até na lanchonete. Não podemos alterar a estética do lugar.

Quanto ao cinema, o que haverá de novo?
Estamos prevendo mudança na projeção e som. Queremos manter o mesmo projetor Philips SP5, mudando a lanterna para uma lâmpada, ao invés de carvão como funcionava antes. O som será dolby analógico. As caixas de som, que ficavam por cima da cabine, vão ficar no térreo. Dessa forma vamos poder aumentar o altura da sala de projeção de 2 metros para 2,8 metros. Com esse ganho de espaço, poderemos usar uma base vertical maior para receber o rolo de filme. O Parque agora vai projetar filmes sem precisar trocar de máquina.

ingresso do Parque vai aumentar?
O preço de R$ 1 já é uma tradição (risos). O Parque teve 120 mil pagantes em 99. Isso é um número expressivo. Ótimo! Mas ainda estamos aquém do que queremos. Ainda temos um potencial enorme de público. A idéia agora é dar conforto aos mesmo que já iam lá sofrendo com o calor, é conquistar os outros que não iam por falta de conforto.

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