Eu Sou o Número Quatro
Com gosto de deja-vu
Por Luiz Joaquim | 15.04.2011 (sexta-feira)
A história por trás do filme “Eu Sou o Número Quatro” (I am Number Four, EUA, 2011), de D.J.Caruso, é mais curiosa que seu roteiro. Tudo nasceu de um artigo publicado num jornal novaiorquino em que o autor do livro homônimo, James Frey (que assina com pseudônimo de Pittacus Lore), oferecia dinheiro a jovens aspirantes a escritores para dividir com ele a escrita e autoria do livro; e este veio a ser Jobie Hughes.
Frey inclusive anunciou que tinha fórmulas claras para criar uma nova saga do tipo “Harry Potter”. Em outras palavras, Frey criou uma obra friamente calculada para render lucro. Ela diz respeito a um alienígena adolescente John (Alex Pettyfer) que desenvolve superpoderes enquanto foge de outros alienígenas guerreiros. Os vilões mogadorianos, que parecem mais neo-nazistas tatuados na careca com dentes cariados e rasgos na narina, querem matá-lo seguindo uma sequência que já eliminou os números um, dois e três da mesma raça de John, e que também viviam na Terra. A razão pelo assassinato, entretanto, não fica tão clara.
O que importa no filme para seu público alvo (assim pensa o produtor da obra) é a caçada. Ela dá muitas oportunidades de brigas com efeitos especiais, briga de gangue no ginasial, bullying (não pode faltar na fórmula) e, claro,a impossível paixão de nosso jovem herói, condenado ao eterno anonimato, pela terráquea Sarah (Diana Agron).
Apesar de não existirem vampiros em “Eu Sou o Número Quatro”, a coloração emocional ali é a mesma de “Crepúsculo” (2008), com a dinâmica de “Os Garotos Perdidos” (1987). Ou seja, quando o garoto estranho chega na cidade pequena, apaixona-se por Sarah enquanto precisa lidar com o machão do colégio, ex- da moça, e para isso conta com a ajuda de Sam (Callan McAuliffe) jovem nerd fascinado por ufologia.
Há um cuidado na criação de um suspense sobre a origem de John que é bem administrado pro Caruso, da mesma forma em que as cenas de luta também são bem coreografadas. O problema está no exagero das emoções que recaem sobre a razão das constantes fugas dos personagens. É difícil acreditar em urgências quando soluções simples parecem pular no roteiro escrito por Alfred Gough e Miles Millar, criadores da série “Smallville”, exibida na Warner TV (sobre o Super-homem na adolescência).
Enfim, tudo em “Eu Sou o Número Quatro” é facilmente reconhecível por outros filmes antigos e nem tão antigos. E fórmula pensada por Frey pode até soar divertida numa sala de cinema, mas só se você tiver até 12 anos de idade e não possuir assinatura de TV à cabo em casa.
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